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UM OUTRO JEITO DE ENTENDER A INOVAÇÃO

Quem inventa as coisas é… o consumidor. Inventor, portanto, é o nome que se dá a quem melhor interpreta o que consumidores manifestam através de suas “assembleias”, ocorridas diariamente em inúmeros locais de uma instituição chamada mercado.

Vide o caso das sandálias Havaianas. Foram criadas para ser o calçado mais banal do mundo, a própria identidade do “pé de chinelo”. Era aquela borracha colorida, recortada no contorno do pé, com uma superfície branca (onde logo ficava carimbado o pisão do usuário). Ter uma pele calejada na sola dos pés era o mínimo necessário para calçar uma “chulapa” daquelas que caminhavam diretamente no chão do sítio.

Depois ganhou estilo, virou “biquíni de pé”. O povão consumidor percebeu que o colorido da borracha era mais bonito e inverteu as tiras, virou a sola para cima. O fabricante entendeu o novo recado e hoje as Havaianas são exportadas com estampas, lacinhos, frescuras.

E a televisão? Começou com o povão das cavernas, produzindo imagens rupestres. Com o tempo ficou mal riscar a parede, inventaram a tela para produzir imagens, desenhando ou pintando o ambiente, as pessoas. Depois do pincel veio a fotografia, desenhada pela própria luz, num papel com uma geleia química. Muitas fotografias seguidas e veio o cinema, até que o escocês John Logie Baird usasse as ondas do rádio para transmitir imagens, dando origem à máquina chamada televisão.

É assim mesmo, vai mudando, evoluindo. Até o homem já foi macaco um dia.

É TELA, MAS PODE NEM SER TV

A visão evolucionista explica só um lado da natureza. Há vários outros. A economia, por exemplo, explica tudo com “modelos de negócios”. Para eles, talvez o cinema tenha surgido com uma tela grande, numa sala repleta de cadeiras, porque era o jeito de pagar o negócio, de vender tanto aquele entretenimento. A televisão, para pagar a conta teve que intercalar o conteúdo com anúncios. E o smartphone usa os dois: exibe anúncio e cobra ingresso, não pra entrar na sala, mas na frequência.

Veja o caso do Globo Play, o aplicativo da TV Globo para oferecer conteúdos através de uma plataforma digital, paga em parte por anúncios – gratuita para o usuário – e outra parte paga pelo usuário. Na semana passada completou um ano do lançamento do aplicativo. Mas, para esse tipo de plataforma, um ano não são apenas 12 meses. No primeiro ano do Globo Play foram 12 mil anos de consumo de vídeo, ou seja, 6,3 bilhões de minutos. É só imaginar quantos minutos cada um dos 14 milhões de usuários mensais (em média) consumiu com cada capítulo de novela que baixou. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais o aplicativo oferece a programação ao vivo. Pode ser assistido pelo smartphone, tablet, notebook, desktop ou por uma smart TV, esta última, a grande meta para a plataforma. Um fabricante de televisores já está lançando no Brasil um modelo smart que tem, no controle remoto, um botão para o Globo Play. O aplicativo oferece até imagens em 4K HDR, um luxo que só pode ser percebido numa tela grande.

A emissora – que agora não apenas “emite” o sinal pelo ar, mas também distribui conteúdo via Internet – não para de redesenhar seu modelo de negócio, cada vez mais “smart”. No mundo digital, a manifestação do consumidor – que é o grande inventor – é muito mais rápida e detalhada. Fica mais fácil de interpretar e a inovação transforma a plataforma do dia para a noite. Aparecem novas formas de exibição de anúncios, novos tipos de anúncios, menu vira grid para facilitar o uso, o celular avisa quando vai começar algo que você não quer perder, relaciona as opções de acordo com o tempo disponível no momento, etc, etc, etc… Cada dia mais parecido com o que quer o consumidor, ou seja, mais próximo da ideia que vem na manifestação do grande inventor. O limite? É o mesmo da criatividade humana.

UM “PLAY” PARA CADA NEGÓCIO

Esse nível de customização, a dinâmica de mudanças, podem crescer ainda mais rapidamente. Depende da rapidez da resposta nas implementações da plataforma e do crescimento de manifestações do “público inventor”. Isso indica que o aprimoramento desse modelo de negócio – ou dessa tecnologia, como preferir – tende a sair dos departamentos das emissoras, para prosseguir em empresas especializadas em desenvolvimento de software.

O EiTV Play, aplicativo para o mesmo tipo de plataforma, pode acrescentar muitas ferramentas e características, de acordo com a necessidade apresentada em cada tipo de negócio. Pode ser adaptado à realidade de redes de TV com menor alcance, à tipos diferentes de produções, sem que a emissora – ou outra empresa produtora de conteúdo – tenha que manter uma equipe própria de desenvolvedores. Os profissionais que atendem um espectro maior do mercado de software, conhecem muito mais rapidamente as novidades que aparecem. Estão mais próximos das novas formas de uso que o mercado está apontando. As experiências que chegam de lado a lado são mais numerosas do que um laboratório de uma única emissora pode obter.

Portanto, o caminho está pronto para que produtores de conteúdo em geral ofereçam seus produtos, sem desviar o foco do próprio expertise. Alguma coisa está surgindo além da TV. E tem a mesma função das telas desenhadas ou pintadas, da fotografia, do cinema, da própria TV que é apresentar um tipo de conteúdo, que evoluiu do visual para o audiovisual. A consequência deve ser um crescimento exponencial da demanda por vídeo que, cada vez mais, se revela reprimida ao longo do tempo. Que tal começar pelo acervo que você tem guardado nas suas prateleiras?

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