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A INTERNET QUE VOCÊ SEMPRE SONHOU

Como é viver no Brasil? Tem várias respostas prontas por aí. A do revoltado, do carinha descolado, o papo dos engajados, os otimistas, a bronca das feministas,… . Mas a resposta mais objetiva só pode começar com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD, agora na versão Contínua (PNAD-C). É definido um padrão para apontar os domicílios que vão fazer parte da amostra. Os pesquisadores vão em cada um deles para perguntar de tudo: quantos moram em cada domicílio-amostra, quem são, como vivem, o que fazem, o que possuem. Vai longe!

Com base nos dados o IBGE – organizador da pesquisa – faz recortes que, vez por outra, costumam surpreender os brasileiros. Um desses recortes chama-se “Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores”.

Não é exatamente uma surpresa, mas a pesquisa de 2017, apresentada na semana passada, aponta que, pela primeira vez, os brasileiros acessaram a Internet mais pelo aparelho de TV do que pelo tablet. Uma bola cantada há algum tempo, uma vez que a venda de tablets vem caindo, enquanto a venda de televisores é dominada por aparelhos do tipo Smart TV, que acessam a Internet.

Voltando às respostas prontas, os otimistas possivelmente diriam que os brasileiros estão usando a TV para baixar conteúdos sobre ciências, artes, cultura. Mas, para Maria Lúcia Vieira, Coordenadora do PNAD-C, o mais provável é o uso da Internet para baixar séries e filmes do Netflix e outros aplicativos do tipo. Sim, a grande rede, esperança de mais cidadania para todos, está incluindo nossa população… no faturamento dos serviços de streaming.

Tudo bem, não deve ser muito diferente em outros países. E sempre foi assim. Há décadas, em cada sala de TV tinha também uma estante, onde se via livros, algumas enciclopédias. Era decorativo, até o cheiro fazia parte do ambiente. Mas quase ninguém lia.

Essa constatação é um sinal de que, depois de pouco mais de 20 anos de Internet, estamos apenas aprendendo a utiliza-la. Uma TV mais interessante é só uma das aplicações que demorou muito para descobrirem. Mesmo sendo um tanto óbvia. A Internet está deixando de ser apenas o que os outros achavam que seria bom para você. E começa a se tornar a ferramenta de uso pessoal que você escolhe.

DO TRABALHO PARA CASA

A maioria das pessoas começou a usar Internet no trabalho. A facilidade de comunicação por e-mail foi domesticando a web até que aplicativos do tipo rede social começaram a simplificar essas interações.

Ainda sem entender o que tinham em mãos, mentes criativas – porém, revoltadas – começaram a popularizar aplicativos para piratear conteúdos de interesse das massas. Até que veio o universo OTT e desenvolveu, a partir dessas transgressões, modelos de negócio de sucesso, como o Netflix, Spotify e até o próprio YouTube.

A cara da Internet hoje é um robô virtual com a vocação de fazer suas vontades, descobrir seus desejos e aproximar você da parte do mundo mais do seu jeito. O smartphone contribuiu muito nesse propósito, uma vez que pôs a web a caminhar do seu lado e individualizou de vez suas relações com a rede. A plataforma EiTV CLOUD, a mais completa para gerenciamento de arquivos de vídeo, é praticamente uma fábrica de aplicativos, com inúmeras ferramentas para selecionar e montar qualquer app audiovisual.

É essa intimidade que está sendo atendida pela infinidade de apps lançados diariamente. Eles podem ajudar no seu treinamento físico, no regime alimentar, controlar suas finanças, seus estudos, acessam o analista, a igreja, o banco, o imposto de renda. Mas, principalmente, os aplicativos vão entreter você.

Estudos recentes dão conta de que a forma de consumir entretenimento esportivo está mudando muito. A quantidade de torcedores brasileiros de times europeus cresce em taxas anuais de dois dígitos. A Fórmula 1 resolveu lançar o próprio canal de TV totalmente virtual, que vai mudar completamente a experiência de assistir a um GP.

O lançamento da versão beta vai ser neste mês, no Grande Prêmio da Espanha, em princípio, apenas para um grupo fechado de fãs. A versão premium da F1 TV vai trazer todas as corridas ao vivo, disponibilizando ao usuário as câmeras individuais dos 20 carros, além de imagens em outros ângulos. Os treinos, livres e classificatórios, entrevistas pré e pós corrida, um pacote amplo de opções que pretende cativar os verdadeiros fãs da modalidade no mundo todo. Cada um vai acompanhar as etapas ao seu jeito. Outras categorias do automobilismo também devem ser agregadas ao serviço.

O jeito comoditizado de apresentar um evento esportivo, para atender multidões, e não individualidades, foi bom para nos fazer descobrir diferentes emoções. Um patrocinador paga tudo aquilo em troca de alguns segundos de atenção para a marca dele e estamos conversados. Mas o ser humano é um eterno insatisfeito. E agora só a Internet tem o poder de atender tantas preferências diferentes.

MAIS DIFÍCIL DO QUE PARECE

É, intimidade é bom, mas pressupõe responsabilidade. Tanta, que precisa até de lei. Os casados que o digam!

Imagine que, no caso da Internet, já tem empresa brasileira pedindo lei de privacidade, para lançar produtos no mercado com maior segurança jurídica. Luiz Carlos Faray, Diretor de Negócios TI e B2B da Oi, em entrevista ao Teletime foi categórico: “-Ficamos engessados, é claro. A gente precisa ter isso bem resolvido e definido, porque o que tem hoje dá margem a milhões de interpretações, não tem uma coisa escrita explicitamente”.

As operadoras procuram novos modelos de negócio para aumentar o faturamento, ainda mais depois dos aplicativos OTT, como o Netflix, que comprometeram as receitas. A perspectiva agora está principalmente sobre modelos baseados em dados. A Vivo, por exemplo, criou o Vivo Ads, um serviço para enviar anúncios para os assinantes. Na hora de vender a Vivo disse que o serviço distribui as propagandas de forma segmentada, com base nas informações cadastrais dos clientes. Foi o suficiente para o Ministério Público do Distrito Federal abrir um inquérito, para saber como a Vivo cuida da privacidade de seus 73 milhões de clientes. São situações como essa que a Oi quer evitar.

Há poucos anos a Cambridge Analytica criou um negócio inovador, que teria influído no plebiscito conhecido por Brexit, e na vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana. No início desta semana a empresa decidiu fechar as portas, assim como a SCL Elections, da Inglaterra. O motivo foi o escândalo envolvendo o uso de dados do Facebook para análise psicológica, voltada à propaganda.

Todos os escritórios das duas empresas, no mundo todo, vão ser fechados. A Cambridge Analytica pediu falência dos Estados Unidos. E divulgou comunicado culpando o cerco da mídia, que teria afastado clientes e fornecedores. “Como resultado, foi determinado que não é mais viável continuar operando o negócio, o que deixou a CA sem uma alternativa realista”, conclui o comunicado.

Lembrando que as empresas fecharam, mas o modelo de negócios tem tudo para prosperar. Desde que esteja sob cuidados de quem sabe lidar com a intimidade.

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