BLOG

O SONHO DE UMA STARTUP

“Você pode não ter nem dinheiro, seu tempo é mínimo, a pressão é máxima. Mas se tem paixão, você realiza.” Para chegar a esta explicação Rodrigo Araújo, Diretor da EiTV, começa contando sobre um computador que apareceu na casa de um tio, quando era adolescente. Os programas carregavam com fita cassete, era um processo demorado e nem sempre rodava: “Dava pau direto. Mas quando carregava, aparecia aquela tela, era uma alegria inexplicável! Não pelo joguinho, que na época nem chamava videogame. Era aquela máquina que respondia, que parecia ter vontade própria, que poderia se transformar completamente, desde que usasse um código que ela entendesse. O computador era quase um objeto de culto para mim.”

Esse foi o combustível que moveu a EiTV – Entretenimento e Interatividade para TV Digital – nessa breve história de 10 anos. Hoje tem centenas de clientes em quase 10 países, fornece para todas as grandes redes de TV brasileiras, 5 premiações da Finep por inovação, alguns lançamentos pioneiros, líder num segmento do mercado, parcerias internacionais para inovação… Mas não é só paixão. Tem também o “lado mascate”, afirma Araújo: “Tive boas oportunidades para trabalhar em grandes empresas. Acontece que eu gosto daquele contato com o “freguês”, dito da maneira mais carinhosa. Você não lida só com necessidades das pessoas, mas também com desejos, pensa como tornar mais simples o uso daquilo que você entrega, cada detalhe é essencial.”

Até aí a conversa parecia bem convencional, tudo se encaixava, mas veio a advertência: “Essa fórmula clássica de sucesso hoje é também o exato caminho para o fracasso. Há um segredo aí. Pouca gente se deu conta, mas todo mundo tem provas públicas do que eu estou dizendo.”

O PESADELO DE UM GRANDE SUCESSO

De fato, teve um tempo que, quando se falava em tecnologia, ninguém lembraria de uma marca mais reluzente do que IBM. Foi justamente no período em que a empresa entrou na maior de suas crises. O melhor e mais rentável negócio dos últimos 20 anos – o telefone celular – já não está mais na mão dos empreendedores que o colocaram no mercado, através da Motorola. Detalhe presente nos dois casos: o revés da IBM foi ela própria quem criou. A arquitetura PC, de 16 bits, saiu da lata do lixo da empresa, que não imaginava para que serviria aquilo. A concorrência descobriu. A Motorola se viu nas nuvens porque pensou que tinha inventado o telefone mais prático do mundo e, na verdade, tinha muitas outras mensagens mais importantes esperando por aquele aparelho. Enriqueceu mais quem entendeu, e atendeu às mensagens. Muitas outras grandes empresas que não souberam acompanhar o bonde da inovação, tiveram destinos bem piores.

E então, onde está o segredo entre o fracasso e o sucesso para quem usa a fórmula clássica da empresa vencedora: “Para mim está no tempo de comemoração”, afirma Araújo. “Os ciclos de inovação são cada vez mais curtos. Depois de constatado o sucesso de um produto seu, você tem que ser o primeiro a se empenhar no lançamento do produto que vai concorrer e até desbancar o seu mais recente sucesso. Ficar comemorando é mais do que perder tempo, é fechar os olhos para a realidade e perder a linha do tempo do seu negócio”, conclui. Ou seja, se “engolir o concorrente” era, para alguns, a meta para se manter no mercado, as chances agora são de quem consegue manter a humildade, sem bancar o invencível, para se tornar o seu próprio concorrente.

AINDA BEM QUE SEMPRE FOI ASSIM

Afinal, essa sina de concorrente nunca acaba? “Não”, é a pronta resposta de Araújo para quem pensa em empreender acreditando numa estabilidade. “A inovação é a única alternativa para o crescimento econômico, para o bem estar social. Em breve, todos os setores empresariais estarão vivendo o mesmo ritmo de inovação que hoje se vê nas empresas de tecnologia.” Para ele, isso não tem nada de trágico ou escravizante. Basta olhar para a missão com seriedade: “Assim como num treinamento esportivo, os resultados só aparecem quando você respeita os períodos de relaxamento, de descanso. Fazem parte do treinamento, porque somos humanos e não máquinas. Quem não quer encarar esse ritmo deve procurar alternativas no mercado de trabalho, onde a instabilidade é de outra natureza”.

Depois de ter participado da fundação de três startups de tecnologia – todas com sucesso, ele garante – Araújo diz ter encontrado na EiTV o que buscava como negócio dos seus sonhos. “Quando eu comecei a trabalhar com e-learning no Brasil as plataformas de ensino à distância, via Internet, eram uma novidade. Sempre fui apaixonado pela educação, pelo compartilhamento do conhecimento. Então eu vi essa oportunidade através da TV digital e percebi que seria ali onde eu iria me realizar.”

Mas que sentido faz trabalhar tanto, se não existe um horizonte para estabilizar e olhar as coisas de longe, de bermuda e chinelos, sem precisar pegar no pesado todo dia? “Essa foi uma ilusão vendida por muito tempo, mas que nunca foi real. O coração descansa sem parar de trabalhar e ninguém quer que seja diferente”, diz em tom de piada. E finaliza: “Eu não criei uma empresa pra que ela se tornasse algo sagrado, mais importante do que gente. Pelo contrário, o ser humano é a razão de todas as coisas. A empresa é a minha maneira de conviver com as pessoas, interagir com elas, retribuir um pouco do que a sociedade traz pra todo mundo. Nas próximas cinco semanas, o blog vai trazer um pouco da história da EiTV, onde se vê muito da história de pessoas. Coisas que nem eu imaginava. Profissionais que trouxeram um projeto de vida pra cá. A gente convive aqui todo dia, temos sonhos em comum. Isso é uma empresa, a extensão da vida de muita gente. Só isso. Ou melhor, tudo isso!!”

ARQUIVO DE POSTAGENS

Bitnami