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O LUGAR PRIVILEGIADO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS

Morar é um hábito que mudou muito nos últimos 100 anos. Isto é, para quem tem onde morar. Relatório do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos aponta que, só no Brasil, 33 milhões de pessoas não têm essa sorte. Mudanças nos padrões de moradia acontecem também para tentar resolver essa questão social.

Hoje tem várias maneiras de morar bem. Aquele ideal de cômodos amplos, jardim na frente, quintal ao fundo, é preferência apenas de uma minoria. A demanda maior é por apartamentos, espaço no limite do necessário, jardim e “quintal” em áreas de uso comum. O lar ficou seletivo, concentra o conforto, dispensa excessos, agrega tecnologias. E entre as várias tecnologias domiciliares, a que mais progrediu e maior preferência conquistou foi o televisor. Há décadas é a segunda presença nas residências brasileiras, só perde para o fogão. Vem antes do chuveiro quente, da máquina de lavar e até da geladeira. Com a domesticação do computador, a chegada dos videogames e tablets, cresceram muito as especulações sobre o fim da TV nos lares. Mas, se é que isso vai acontecer, ainda deve demorar muito.

Recente estudo da Kantar Ibope, realizado no Brasil e em mais sete países – França, Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Alemanha, Espanha e China – mostra que a TV doméstica vai muito bem, obrigado. A programação linear, aberta ou por assinatura, faz parte da rotina de 97% dos consumidores conectados, praticamente como vinha acontecendo há décadas. Dentre eles, 77% assistem à TV pelo menos uma vez por dia. Na faixa dos 18 aos 34 anos os nativos digitais, considerados os mais distantes da TV, 66% são telespectadores diários.

Detalhes do estudo revelam características peculiares que devem chamar mais atenção a partir de agora. Por exemplo, o fato de que a programação linear, para a maioria, evita o stress de procurar algo para assistir.

Para entender melhor é importante diferenciar o significado que “assistir à TV” passou a ter nas últimas décadas. Em princípio, ligar o televisor implicava diretamente em assistir à TV. Pois era o único conteúdo que chegava pelo aparelho, gerado pela TV Band, ou TV Globo, TV SBT, TV Record e algumas outras. Hoje, este conteúdo sofre a concorrência do streaming, que também é exibido no televisor. Uma disputa que começou com o vídeo cassete. O estudo aponta que para cada 4 consumidores que assistem regularmente à TV, 3 assistem também algum tipo de streaming. Entre aqueles que consomem streaming, 73% acessam pelo menos um serviço de assinatura pago. Porém, 44% deles assinam até dois serviços diferentes, 18% pagam até três plataformas de streaming e 7%, são assinantes de quatro ou mais plataformas.

Uma das empresas que atua neste mercado, disponibilizando tanto a plataforma digital quanto conteúdos diversos – de canais lineares via streaming a filmes e séries de produtores e distribuidores consagrados, como SONY, WARNER, PARAMOUNT, é a EiTV – também pioneira na América Latina na transmissão de TV aberta digital.

Neste universo de consumidores 74% assistem principalmente a novas séries, como já era de se esperar. No entanto, surpreende a revelação de que 45% (quase a metade!) assistem a reprises de seus programas favoritos. Isso mesmo, com tanto conteúdo inédito disponível no streaming, o consumidor quer assistir à última edição do telejornal que já foi ao ar, ou capítulos de novelas, por exemplo. A tecnologia já fez o que pôde, criou algoritmos que 68% dos consumidores consideram práticos, de uso simples. Mas confiam mais na indicação de amigos ou familiares.

Talvez a explicação passe pelo “contrato de recepção”. Alguns pesquisadores, que estudam as relações do público com a mídia, criaram esse conceito, baseado na expectativa em relação ao que cada programa oferece. Por exemplo, quem gosta de ver o programa do Faustão, sabe que não vai encontrar ali comentários sobre poemas de Camões. Num programa esportivo também ninguém vai ouvir comentários sobre técnicas de diferentes enxadristas. Desde a concepção desses programas o objetivo é atender à preferência do maior público possível. As emissoras, ou seja, as TVs têm grande experiência nesta sondagem e na construção destes conteúdos. Isso parece tornar mais simples a escolha do telespectador. Normalmente esses programas incluem vários quadros diferentes, ampliando mais ainda as possibilidades de agradar. São variações de mesmices, pensadas para formar hábitos. Isso não quer dizer que todas as pessoas assistam a programas de auditório ou reality shows. É apenas uma observação sobre alguns dos ingredientes importantes na formação desse hábito. Desse prazer de acompanhar e compartilhar socialmente o conteúdo onipresente das grandes redes de TV.

Enquanto isso, muitos empreendimentos audiovisuais de alcance global – e capital também – inventam produtos para serem exibidos no lar. Eles não fazem ideia de como serão as casas daqui a 100 anos. Nem de como as famílias vão consumir. Seja como for, convém garantir um lugar no sofá.

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