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3.0 – 2.5 = UMA DIFERENÇA BEM MODESTA

O lazer mais praticado no mundo tem 3 características básicas, há mais de 40 anos. Acontece numa sala, com uma tela, um sofá e um controle remoto. Esse hábito ocupa pelo menos 4 horas diárias dos ocidentais em geral. Mexer nessa configuração pode custar a liderança da TV no ranking do lazer, com imensos prejuízos decorrentes.

A primeira inovação nessa combinação foi o controle remoto. Deu tão certo que inventaram mais um para o videocassete (DVD), outro para a parabólica, para o home theater, TV a cabo… peraí, exagerou! A tendência depois foi manter um único controle, que ficava mais fácil de usar. E ficava naquela configuração vitoriosa, bem simples, que combina com um monte de opcionais de sucesso, à escolha do freguês: salgadinho, cerveja, chá, com a família ou só, com companhia mais íntima, cobertor ou ventilador, luz acesa ou apagada, abajour, … Mudança mesmo, de verdade, só da tela pra dentro.

A TV digital aberta, há 15 anos no Brasil, foi o salto de qualidade mais impactante desse lazer até hoje. Um outro, mais espetacular ainda, está para acontecer, acredite! É a TV digital aberta 3.0. O conceito surgiu entre as emissoras americanas, como uma resposta aos avanços da Internet sobre os anunciantes da TV. O sistema completo foi testado em 2018, durante as Olimpíadas de Inverno, na Coreia do Sul. Hoje já existem dezenas de sistemas, desenvolvidos em vários países, concorrendo no mercado mundial. Neste mês começaram os testes no Brasil. Ao final as emissoras nacionais poderão escolher o mais interessante.

Basicamente a TV 3.0 oferece um ganho admirável de qualidade de som e imagem e agrega as vantagens da Internet. Com um único controle remoto o usuário sai de um jogo de futebol, por exemplo, que está passando em uma TV aberta, e entra num vídeo do YouTube. Ou vai para o Netflix, pode escolher outro serviço de streaming, ou ainda outro. Tudo acontece como se mudasse de um canal para outro. É o que os engenheiros da área chamam de “integração transparente” para o usuário, pois não se percebe a mudança entre Internet e canal de TV. Os conteúdos são mais ajustados ao gosto de cada usuário e até os anúncios são randomizados (direcionados para cada perfil).

Por aqui, quem está liderando esses testes é o Fórum SBTVD – Sistema Brasileiro de TV Digital aberta. O Coordenador do Módulo Técnico do fórum, Luiz Fausto, explicou de forma muito simples o que vai mudar: “-Você não vai navegar mais em canais de TV, você vai navegar por aplicações.” Mudanças disruptivas que têm como pano de fundo uma verdadeira guerra comercial e tecnológica.

O que está em jogo é a sobrevivência da TV aberta no Brasil. Um modelo baseado no financiamento do serviço por meio da venda de anúncios. A Internet é um ambiente digital que, além de enviar um conteúdo para o usuário, diferentemente da TV, também recebe as reações dele de volta. Ela “conhece” o perfil de cada usuário, assim consegue direcionar para cada um os anúncios que mais interessam. Enquanto centenas de pessoas assistem a um mesmo vídeo do YouTube, por exemplo, anúncios diferentes são enviados a cada uma delas. O custo do anúncio é dividido entre todos, sobrando muito mais lucro para quem gera aquele conteúdo na Internet. A TV aberta hoje não consegue concorrer com esses custos. A TV 3.0, que está integrada com a Internet, consegue veicular diversos anúncios diferentes ao mesmo tempo, para cada perfil de usuário (randomizados). Vai voltar a ser competitiva, vai incluir muito mais clientes. Por outro lado, vai exigir tudo aquilo que se viu há 15 anos. Todas as emissoras terão de trocar todos os transmissores, usuários vão precisar de novos televisores, um custo enorme. Não há compatibilidade nenhuma entre equipamentos dos dois sistemas.

É muito importante que os especialistas e empreendedores brasileiros do setor conheçam a TV 3.0. Porém, do ponto de vista prático, pode ser uma transição cara demais. A boa notícia é que já existe uma alternativa nacional, que traz as principais vantagens da TV 3.0 e ainda é totalmente compatível com a tecnologia atual (2.0). É a TV 2.5. O sistema é baseado no middleware Ginga, na versão “D”, cujo nome comercial é DTVPlay. Essa versão faz a integração da Internet (broadband) com a TV (broadcast) na forma transparente, imperceptível, mais simples para  o usuário. E ainda consegue trazer boa parte da qualidade de som e imagem da TV 3.0. Para a emissora, a grande vantagem é a randomização dos anúncios, tornando-a competitiva comercialmente. E mantendo a configuração de sucesso do principal lazer do planeta.

A grande decisão ficará por conta das emissoras nacionais. Se encontrarem uma maneira para viabilizar a TV 3.0, ela poderá ser uma realidade a partir de 2023. Caso contrário, já podem contar com a TV 2.5, cujos televisores, com Ginga DTVPlay, começam a chegar no mercado até o final deste ano.

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