sexta-feira, 30 de abril de 2021
É bem provável que o seu valor vá além do que você imagina. Pode demorar um pouco para você saber mas, tenha certeza, nesse exato momento, tem gente medindo objetivamente o seu valor. Nada a ver com moral, questões filosóficas, muito menos auto ajuda. É o seu valor de varejo, cuja cotação está oscilando num mercado cada vez maior.
Um plano qualquer de fidelização é, assim, um carinho comercial em você. Lembra da primeira vez em que a pizzaria entregou junto um papelzinho impresso: “Guarde este cupom e ao completar 250 pizzas você recebe uma inteiramente grátis!”? Tá, não eram exigidos tantos cupons assim, mas você deve ter notado que a quantidade foi reduzindo, na medida em que a concorrência também piscou os olhos para o povão. Os planos de fidelização na aviação vieram mais concretos. O acúmulo de milhas são beijos calientes na parte sensível das companhias aéreas (quer dizer, no caixa da companhia). E a retribuição faz até a sua esposa, nas férias, estimular esse romance todo.
Hoje, em muitas lojas, você compra uma calça e já recebe um crédito para a próxima compra. Se levar também um chinelo, mais desconto. Posto de gasolina, lanchonete, cada vez mais empresas com atitudes concretas de carinho, além da sedução descarada do marketing. Tudo porque querem muito você, em outras palavras, identificaram o seu valor. Pense bem, e se essas atitudes se tornarem mais tangíveis ainda, se forem em direção às suas necessidades mais essenciais, aquelas que preenchem a sua vida? Bem, com tanta gente dizendo que não vive sem um celular, então é disso que estamos falando.
A VeeK, uma operadora virtual que trabalha no modelo MVNO, lançou no início deste mês o Veek Freemium, um serviço de celular gratuito. Quer dizer…
Tudo começa por baixar o app da Veek (para Android ou iOS) e fazer a encomenda de um chip. Há uma taxa de ativação de R$ 50,00, segundo a companhia, para pagar o custo inicial, como o Fistel. Pronto! O chip é ativado com 4 Gbs para Internet, ligações ilimitadas. Tudo isso só para conseguir a sua atenção. E para você provar que não despreza a relação, terá de assistir a um vídeo publicitário no aplicativo da empresa a cada hora de uso. A sua operadora é bem tolerante. Quer dizer, se a sua hora de “franquia telespectador” vencer no meio de uma ligação, tudo bem, a chamada continua. Ao final você vai para o aplicativo e afaga a sua operadora, assistindo ao vídeo publicitário. Para receber ligações o seu celular continua normal antes mesmo de engolir sua dose de marketing compulsório (ou seria marketing pagador?).
O sistema tem outras oportunidades para você. Por exemplo, você pode ser convidado a oferecer mais informações para o seu próprio cadastro, em troca de mais tempo na Internet. Assim a sua atenção poderá ser vendida a um preço maior, uma vez que, quanto mais se sabe sobre a audiência, melhor pode ser o direcionamento dos anúncios. As próprias empresas anunciantes podem criar concursos ou outras atividades para se aproximarem de você, ou levantar mais informações suas.
E se um dia isso tudo lhe parecer desnecessário – ou se simplesmente você quiser – pode comprar “gigacoins”. São pacotes de gigabytes que variam de 2 GB (por R$ 25,00) até 16 GB (R$ 90,00).
O CEO da empresa, Alberto Blanco, descreve a lógica dessa paixão de forma simples: “-Hoje há entre 50 e 60 milhões de pré-pagos com saldo zero nas plataformas das operadoras. É esse cara que eu quero como usuário da Veek Freemium”. Até o final deste ano ele espera que 80 mil clientes já estejam cadastrados.
De certa forma, foi a partir desse esquema que o Brasil se transformou no maior parque de TV aberta do mundo. E que, a partir dos avanços tecnológicos recentes, pode desbancar a TV a cabo, que há tempo procura se tornar uma importante opção de lazer no país. Você paga alguma coisa para o Facebook, Instagram, ou Google? Seu e-mail custa caro? Esse mesmo modelo “me assiste que eu pago” pode, em breve, mudar a configuração de importantes negócios no mundo. Por exemplo, o provimento de acesso à Internet. Mudanças recentes na legislação do Gesac – agora o Wi-Fi Brasil – estimulam empresas a custearem o programa por espaço publicitário. Em entrevista ao site Convergência Digital, uma fonte do Banco do Brasil afirmou que a empresa “… patrocinará a instalação de sinal gratuito de Wi-Fi em até 500 municípios do interior do país. (…) O programa terá apoio de correspondentes bancários como pontos propagadores de transformação digital, contando com esses pontos de Wi-Fi para a população.” Convém dar mais atenção ao ambiente que te cerca. Você pode descobrir que desperta um interesse bem maior do que imagina
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