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NOVOS RUMOS PARA A GRANDE MÍDIA NO BRASIL

Com qual marca você tem maior interação … que você usa mais, experimenta? Se você é um taxista vai ter contato muito diário com a marca do seu carro. Todo mundo se relaciona com marcas de roupas quase o tempo todo. Há quem troque de roupa mas não troque a marca. E o celular, claro, quanta gente até dorme com ele (ignorando um risco sério). Mesmo tendo esse contato tão próximo e tão frequente, a interação com essas marcas é fraca, costuma acontecer quase automaticamente, por meio de um único ou poucos produtos. Essa conversa é uma tentativa de conduzir à reflexão de quanto é intensa a interação com marcas da mídia. Normalmente ela acontece por várias horas diariamente. Você fica olhando para aquilo, ouvindo, e identifica características da marca em cada produto dela. Numa emissora de TV, por exemplo, são notícias, novelas, reality shows, bate papo, esportes, filmes. É uma interação profunda. Portanto, susceptível de provocar muito amor e ódio.

Fala-se muito dessas marcas de mídia. Boatos, teorias conspiratórias, profissionais são estigmatizados, as relações com o poder são exploradas. E mesmo estando tão expostas, diante de todo mundo o tempo todo, pouco se sabe a respeito delas. Ultimamente a Globo está falando mais sobre o lado de dentro dessa marca. No final deste mês a empresa vai apresentar o resultado financeiro do ano passado. Paulo Marinho, atual diretor presidente, se antecipou em entrevista ao jornal Valor Econômico para ir bem além dos dados econômicos. Falou de estratégias, das transformações internas, do novo jeito de gestão da empresa, dos novos negócios, falou até da própria família.

Independentemente das eventuais relações de amor ou ódio, os relatos são importantes. Basta dizer que tratam do estado atual de uma das maiores empresas brasileiras, com mais de 50 anos de história. E que neste ano vai investir mais R$ 5 bilhões. Talvez a empresa que mais interagiu com a população brasileira, que se viu severamente pressionada pelas mudanças tecnológicas e está tentando coloca-las a seu favor. Ela teve que mudar o seu próprio negócio, sem se desfazer da presença que mantém há tanto tempo diante do público, do mercado. E agora fica a expectativa em torno dos novos passos. Será que a Globo vai se lançar como um player internacional do entretenimento?

Faz 5 anos que a empresa começou uma reorganização geral. A fusão em “uma só globo”, a transformação do negócio em uma mediatech – empresa que produz conteúdo e também ferramentas digitais para esses conteúdos – expansão dos estúdios, muitas novidades. Um anúncio em especial chama atenção. Desta vez foi o diretor presidente que afirmou a determinação da Globo em partir para a TV 3.0 na TV aberta. A TV 3.0 tende a revolucionar a experiência dos consumidores. Uma fusão imperceptível entre internet e TV por antena, a 3.0 vai exigir que todos os aparelhos de TV sejam trocados. Ou adaptados por um set top box, aquela caixinha que muita gente usou para receber o sinal da TV digital. Todos os equipamentos de transmissão e repetição de todas as emissoras de cada rede precisam ser trocados. Por isso tudo ainda havia dúvidas sobre a possibilidade de uma outra mudança na TV, mais radical ainda e em tão pouco tempo. O fato de a Globo estar decidindo levar essa mudança adiante, terá grande influência no direcionamento do governo e das outras emissoras.

O Globoplay é outro ponto de grandes expectativas. No Brasil já é um dos principais serviços de streaming, que tem no mesmo aplicativo o acesso gratuito à programação do canal aberto. No streaming o Globoplay já oferece a propaganda segmentada (ou endereçada). É quando num mesmo intervalo comercial podem ser exibidas dezenas de anúncios ao mesmo tempo, cada um para cada grupo específico de consumidores cadastrados – por idade, faixa de renda, escolarização etc. Na TV aberta a mesma experiência começa em São Paulo e, com a TV 3.0, passará a ser o padrão. Esse tipo de anúncio para ser exibido precisa pelo menos de uma TV smart, que é a TV conectada. Dados da TV Globo indicam que existem 60 milhões e TVs smart no Brasil. Dentre elas, 36 milhões já têm Globo ID, uma conta de acesso aos produtos da empresa. Juntando com outros equipamentos como celulares e computadores, já existem 140 milhões de Globo ID. Com a TV 3.0 essa quantidade de IDs transforma a empresa no maior shopping do país. O telespectador pode comprar uma gravata igual a que ele viu no Willian Bonner, ou um sapato que viu numa personagem da novela. Tudo pelo controle remoto da TV, sem sair da programação.

Segundo Paulo Marinho, a Globo faturou R$ 15,16 bilhões em 2023 e tem mais de R$ 14 bilhões em caixa. Talvez por isso ele tenha demonstrado uma disposição enorme para entrar em novos negócios. Até o marketing de influência vai fazer parte dos negócios da Globo. A empresa vai agenciar seus próprios influencers, a começar por Tadeu Schmidt e Maria Beltrão. Isso aumenta muito as chances de qualquer pessoa passar a ser um astro global.

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