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A TECNOLOGIA EM BUSCA DOS SEUS SONHOS

Uma trama de muita ação com Arnold Schwarzenegger. Metade do enredo é o mesmo de sempre. Só que no caso em questão a ficção científica foi boa. Por exemplo, as férias do personagem foram virtuais! Ele era um peão de obra e, sem dinheiro para viajar, comprou um “implante de memória” de uma viagem. Tinha uma máquina que implantava no cérebro dos clientes maravilhas que nunca aconteceram, mas ficavam para sempre na memória. High Tech tipo “me engana que eu pago”. Foi quando o título do filme pareceu lógico: “O Vingador do Futuro”. Também, com um futuro desses…

A tecnologia real é muito útil, mas também está cheia de coisas sem graça. É que são anunciadas com um tal frisson, capaz de levar muitos na onda. Os “sem noção” se encantam por nada, esses nem conta. Outros, que compram no embalo, podem querer vingança no futuro. O mais curioso é que os caras que inventam essas coisas tem as melhores intenções. Mas, ao que tudo indica, também fazem parte daqueles “sem noção”, que babam à toa.

Se você gosta de dirigir, vai entender. Imagine uma propaganda de carro mostrando alguém no banco de trás, ou no carona, curtindo confortavelmente o WhatsApp, olhando a paisagem. Isso mesmo, carro sem motorista. Este é o projeto que está colocando o Vale do Silício em disputa acirrada com as montadoras de Detroit. Para quê, difícil saber. Não parece ter tantos nerds ricos no mundo.

TIRA, PÕE, DEIXA FICAR

O que compensa é o fato de tecnologia ser versátil. Se não servir na hora, mais tarde, quem sabe? Foi o caso da smart tv. Juntaram duas entre as coisas mais sedutoras para as gerações mais jovens: TV e computador. “Agora não tem pra ninguém”, profetizaram alguns. No entanto, você conhece alguém que já abriu um e-mail numa smart tv? O facebook, pelo menos? O Youtube até que tem algum espaço, mas nem a TV Yahoo, que foi projetada pra tal plataforma, se manteve por mais tempo. Mais tarde, quem salvou a honra desses engenheiros foi o Netflix, na prática, a legalização inteligente de uma antiga pirataria. Ou o delivery virtual das antigas locadoras de vídeo.

Agora que a tecnologia aumentou tanto as alternativas de consumo, o comportamento do consumidor tem se mostrado um fenômeno muito mais complicado. E diziam que difícil era entender o eleitor! O lado mercado, na mesma cabeça, está cada vez mais perdido em promessas e ilusões. Está sem discernimento para escolhas que se justifiquem no futuro. Parafraseando o rei Pelé, “o consumidor de tecnologia não sabe comprar”.

Ainda bem que pouca ciência prolifera muita tecnologia. Quer dizer, o mesmo conhecimento que é embarcado num projeto “micado”, vai ser útil para muitas outras ideias que ainda vão surgir. É o que se vê desde as históricas missões Apollo. Quanta tecnologia daqueles foguetes não está espalhada nos mais diversos tipos de produtos até hoje? No entanto, ninguém fundou montadoras de naves espaciais para o varejo.

UM VEIO DO WRESTLING, OUTRO DO BOX

Na disputa entre os célebres clusters, a turma de Detroit, que tem a GM à frente, conta também com as europeias Mercedez Benz, BMW, Audi e Volvo. Pelo Vale do Silício concorrem o Google e a Tesla Motors. Essa última, mesmo sendo fabricante de carros, faz apenas modelos elétricos, carentes da alta tecnologia típica da Califórnia. Mas a polarização regional fica mais caracterizada pela disputa GM X Google.

O sistema de navegação autônoma (ou quase) da GM estará na função Super Cruise e o icônico Cadillac vai ser o primeiro carro a receber os equipamentos. O modelo será o sedan CT6. Basicamente, são dois radares de curto alcance de cada lado e um radar de longo alcance, centralizado. Nos retrovisores, a câmera identifica as linhas da pista e objetos. Tudo isso fica conectado em dois computadores, instalados no porta malas, abaixo do estepe, que gerenciam tudo. Inclusive a hora em que o humano – sempre terá que ter um atrás do volante – deverá assumir o comando, quando for indispensável a suprema inteligência de um motorista. Em termos de hardware, a primeira vista, nada de novo.

O Koala, modelo do Google, tem um radar giratório que já representa um diferencial. A precisão é muito maior, já que ao invés de ondas sonoras, como nos radares em geral, usa ondas de luz. Mais precisamente um laser, capaz de promover poeira a objeto, porque identifica qualquer corpo com alguma dimensão maior que 1 milímetro. O Koala está sendo desenvolvido para ser apenas uma peça de um complexo sistema. O Google espera, com ele, oferecer soluções de mobilidade. Apenas um táxi robô, que qualquer um pode chamar pelo celular, definir um destino e pagar por meio de um boleto no fim do mês, como já se faz com o pedágio. Em princípio, parece um investimento grande, apenas para livrar as pessoas de dizerem bom dia ao motorista do táxi.

PERSPECTIVAS DIFERENTES DE INOVAÇÃO

O que é mais significativo nessa disputa é o tipo de abordagem de cada empresa, diante de projetos muito semelhantes. A GM comprou a briga porque sente certa urgência em “modificar paradigmas do negócio de venda de carros”. Também pensa em táxis robôs, mas aposta no lado diletante dos clientes motoristas.

Do lado do Google, Chris Urmson, diretor técnico do programa de carro, tem mais a visão do mercado de tecnologia: “A filosofia que prevalece é que vamos substituir os sistemas de assistência ao motorista que estão nos veículos hoje, fazendo que eles fiquem, de forma incremental, melhores e melhores. E, eventualmente, nós vamos chegar a este ponto em que tenhamos carros que dirigem sozinhos.” De fato! Imagine que, numa ultrapassagem, ao acionar o sinal para o lado esquerdo, seu carro “visse” quem vem de trás, a que velocidade, quem está a frente e, na primeira oportunidade segura, saísse para o lado e acelerasse. Um “sistema de assistência ao motorista” pelo qual muitos pagariam, capaz de aliviar bastante o stress no trânsito. Seriam passos desse tipo, lucrativos, cada vez mais na direção do novo mercado, que conduziriam até a navegação autônoma, caso se confirme tal necessidade.

O mesmo se vê no caso da smart tv. A tendência do mercado é que vai apontar a direção dos negócios. Na prática, a arquitetura de um televisor LED HD e uma smart tv é quase a mesma. Maior capacidade de processamento e de memória, com o tempo, vão sobrar dentro de qualquer televisor. Com alguns aplicativos e a conexão com a Internet, todos os televisores produzidos no futuro serão do tipo smart.

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