sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Você sabe onde fica a primeira Cidade Inteligente Social do mundo? Como ninguém vai acertar – a não ser quem já sabe – fica no Ceará, sem outra dica pra pensar. A proposta é muito diferente em tudo, a não ser no “social”, quase uma marca registrada brasileira. Tudo por aqui é “social”, inclusive o nome do maior problema que temos a resolver.
A cidade vai se chamar Laguna e terá cerca de 25 mil habitantes, pelo projeto original. Hoje faz parte do distrito de Croatá, pertencente ao município de São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros da capital Fortaleza. A localização escolhida, dentre outros motivos, considerou a proximidade do porto de Pecém, da Companhia Siderúrgica de Pecém e da ferrovia Transnordestina, além de ter “logo ali” uma ZPE – Zona de Processamento de Exportação, uma espécie de polo industrial onde as empresas têm redução nos impostos.
Quando se diz “diferente em tudo” quer dizer, por exemplo, que começa por ser um projeto privado, de uma empresa ítalo-britânica, associada a uma empresa brasileira. O investimento é de US$ 50 milhões. Não tem dinheiro público nisso, até onde se sabe. É uma smart city porque, em seu projeto, vai conciliar o uso intensivo de tecnologias de ponta associadas aos conceitos de desenvolvimento humano, sustentabilidade e otimização da mobilidade urbana. E é social porque prevê lotes para projetos financiados pelo Minha Casa Minha Vida, para famílias com renda de até 1,5 salário mínimo. Portanto, vai ser necessário um tempo para confirmar o “social” da marca, uma vez que, com 1,5 salário mínimo não há desenvolvimento humano possível.
A cidade fica a poucos quilômetros de praias famosas, como Paracuru, Taíba, Cumbuco, Lagoinha e Flecheiras. Vai ter pavimento semi permeável para evitar enchentes, lagoas, cachoeiras, amplas áreas verdes e para esporte e lazer. Além de uma distribuição racional de comércio e serviços, sem exigir grandes deslocamentos, independentemente do bairro onde estiver. Tem ainda a previsão de parque tecnológico, hub de inovação, ilha para abastecimento de veículos elétricos, ciclovias, conexão total e gratuita em toda a cidade, totens digitais … e vai ter também um aplicativo, onde cada morador poderá acessar até as câmeras de vigilância do seu trajeto.
Aplicativo! É por aí onde começam as mudanças nas cidades que já nasceram há tempo, cresceram muito e vivem um reumatismo crônico em todos seus papéis urbanísticos. É por aí também onde cresce uma indústria que pode transformar importantes fluxos econômicos da noite para o dia.
Há 10 anos podia-se dizer que um dos melhores negócios do mundo era ter uma companhia telefônica. O WhatsApp mudou essa realidade completamente em pouco mais de um ano, contra todas as previsões. Pouco antes, precursores da modalidade app, como Google e Facebook – este último, nem usou tanta ciência assim – já tinham feito um straight no mercado publicitário, além de nadarem de braçada num novo mercado, o de perfis pessoais. Mais recentemente o Uber tomou um enorme excedente de preço que era cobrado nos serviços de táxi e ainda incluiu milhões de pessoas nesses serviços.
Pois é o Uber que está desbravando suas próprias potencialidades para ser muito mais do que uma multinacional taxista. Nesta semana assinou com o governo paulista uma parceria para integração dos transportes públicos com os carros privados de transporte de passageiros.
Quando o usuário digita o destino no aplicativo aparece como opção “transporte público”, ao lado do ícone pelo qual chama-se um carro. As informações sobre linhas de ônibus, metrô e trens são atualizadas em tempo real. O app orienta até a caminhada para chegar ao ponto. E dá a opção de planejar uma viagem multimodal até o seu destino, comparando custos e tempo a ser dispendido. O recurso está disponível na região metropolitana de São Paulo e em outras metrópoles, como Nova York, Washington, Denver, Sidney, Londres e Paris.
Ao que tudo indica, não tem “bola nas costas” na novidade. Pela experiência brasileira, por exemplo, dá para perceber que o usuário não escolhe o Uber porque não sabe que ônibus pode tomar. Mas, com a nova funcionalidade, o aplicativo passa a estar presente no cotidiano de muito mais pessoas, que vão ficar mais próximas do Uber.
Inteligência não serve apenas como sobrenome de cidades descoladas. É uma variável exigida mais e mais em todo tipo de negócio. E, pelo menos por enquanto, é um atributo disponível em todos os seres humanos, até naqueles que ainda não a descobriram. Agora, que se trata de um recurso cada vez mais aplicável, é bom conferir diariamente se não falta um pouco de inteligência no seu negócio. Quem sabe, com uma boa ideia, você consegue até reservar seu lote em Laguna.
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