sexta-feira, 06 de janeiro de 2023
Quando você começou a namorar, a geladeira da sua casa era aquela mesma de onde a sua mãe tirava sua papinha para esquentar? Se sim, você já deve ter, pelo menos, alguns cabelos brancos. Hoje a troca da geladeira não demora tanto. A máquina de lavar, aquela “grande”, para 6 Kg de roupa, ainda pode estar em algum lugar da casa porque funciona, nunca acaba. Mas agora a menor máquina é para 10 Kg de roupa, muito mais silenciosa, centrifuga bem melhor, gasta menos energia. O rádio e até o telefone fixo sumiram, viraram virtuais, foram parar no celular.
A TV não tem nem que questionar, com certeza você viu trocar pelo menos uma vez. Mudou tudo. A criança de pré-escola que encontrar uma TV antiga, daquelas quadradonas, vai perguntar para quê serve aquilo. “-É uma geladeirinha, tia!?” Até tentaram passar a TV para o celular, mas não rolou. Um aparelho que domina tanto sua atenção, tem que cuidar ao máximo dos seus sentidos. Assistir a um filme numa tela com pelo menos 40 polegadas, qualidade full HD, som imersível e tralalás, concorre até com a qualidade do conteúdo, do enredo do filme, da notícia. O fato é que a tela de 50 polegadas já está ficando pequena, o preço do 4K caiu muito e o som do home theater perde de longe para novas tecnologias.
Visão e audição correspondem a cerca de 90% do contato do humano com o ambiente. Esse atalho cerebral poderoso põe de tudo na sua cabeça. Com melhor qualidade de som e imagem, a TV, que parecia um lazer das antigas, conquistou mais tempo na vida das pessoas. O streaming turbinou os conteúdos, os games criaram uma outra jornada de uso. Nos lares, o televisor precisa ser cada vez melhor e o novo presidente já deve estar pensando nisso.
Pois é, nos próximos anos a TV deve passar por mais mudanças. E parte dessas mudanças vai depender de regulamentação e outras ações governamentais. A TV é um dos serviços que mais espaço ocupa no espectro eletromagnético (o “caminho” por onde viajam as ondas de transmissão). Depois que o celular chegou esse caminho ficou muito mais concorrido e ainda teve que aumentar a velocidade. Por isso as tecnologias vão trocando o bastão, quer dizer, suas bandas de frequência vão se alternando. Uma passa para outra, que mais tarde devolve, entra uma nova e tem que pegar um bastão que possa carregar e assim vai.
Quando a TV Digital chegou ao Brasil, nos idos de 2007, trouxe uma tecnologia que ocupava menos espaço no espectro. Com a chegada do 4G o sinal de celular precisou de mais espaço. A banda da TV foi um pouco mais acima e sobrou sinal para o 4G. Na transição da TV analógica para a digital ficou acertado que as bandas seriam substituídas aos poucos. Foi aquele período em que tinha sinal da TV analógica e da digital ao mesmo tempo, o simulcast. Em 2018 a banda analógica teria de estar totalmente liberada para outros usos. Não deu, passaram para abril de 2023. Sim, para daqui a 4 meses. É aí onde está um dos primeiros desafios do governo Lula.
Foi a partir de 2014 que a TV digital se expandiu pelo país. Na época, as operadoras de celular ficaram com parte da banda de TV, em contrapartida assumiram custos para digitalização de emissoras educativas e distribuição de conversores para famílias carentes. Mas isso aconteceu só nas cidades maiores, onde tem muitos celulares, muitos televisores, o espectro é concorrido. De acordo com o site Teletime, foram 1.600 municípios com troca completa do sinal até agora. Não é nem um terço dos municípios brasileiros, mas é mais de 70% da população do país. Isso significa que a grande maioria das cidades brasileiras ainda está nos tempos da TV analógica. Cabe ao governo brasileiro liberar completamente a banda da TV analógica, para que seja usada em outros serviços.
Agora o 5G vai precisar da banda das antenas parabólicas de TV. A tecnologia é muito cara, os celulares vão ficar um bom tempo com um pé no 4G e um outro no 5G. Vai ser nesses espaços abertos do espectro onde vão realocar serviços para abrir espaço para a TV 3.0. Uma tecnologia que vai trazer para sua casa tudo que existe de mais avançado em TV. Pode ter certeza de que, em alguns anos, outro aparelho vai estar no lugar daquele onde você maratonou mais recentemente. O Fórum Brasileiro de TV Digital já definiu a base da TV 3.0 brasileira. Se você nunca reparou na geladeira e nem na máquina de lavar da sua casa, então é porque você é da geração milenials ou mais recente. Sempre teve um 4G na mão atraindo sua atenção. Pois agora, é bom prestar atenção. Quando você sentar na frente de uma TV 3.0 vai exigir que o governo acelere e resolva logo todas as pendências de telecomunicações.
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