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O SEU VALOR, MUITO ALÉM DA AUTO AJUDA

Como são os preços dos produtos que levam a marca da empresa mais valiosa do mundo? Obviamente os preços são zero, tudo grátis, na faixa, oras! Essa seria a resposta se dita em determinado período do último mês de fevereiro. Foi quando o Google esteve cotado em US$ 500 bilhões e, por alguns dias, foi a empresa mais valiosa do mundo. Pouco depois, a resposta à mesma pergunta seria completamente inversa. A Apple, que já retomou o posto de mais valiosa do mundo, pratica os preços mais altos em tudo que tem sua marca, desde os mouses até os smartphones, notebooks, relógios inteligentes. Tudo tão contraditório quanto lógico.

“Gratuidade” vem da graça, são bênçãos, cujos valores estão muito acima do embate ordinário. Já é consenso há muito tempo, na teoria e na prática, que as coisas mais valiosas do mundo não têm preço. Você, para se entregar em definitivo a alguém, numa união afetiva, só conseguirá fazer acontecer verdadeiramente se isso não envolver preço. Até um dos maiores conglomerados financeiros do mundo, que só vive de preços, incluiu a frase no seu slogan: “não tem preço”. E a gente aqui, fazendo de tudo pra pagar as quirelinhas no final de cada mês… Preço só serve mesmo para as coisas de valor intermediário. Quer dizer, a gente paga para viver o cotidiano, o de sempre, na esperança de algum dia alcançar essas coisas verdadeiramente valorosas, uma graça, que não tem preço.

Filosofias a parte, é você que não sabe o quanto você vale. O Google sabe. Produz maravilhas cibernéticas gratuitas, na esperança de merecer a sua atenção. Seu olhar, seus ouvidos, um mero segundo da sua presença, que dirá um “clic”!! Um verdadeiro poema… na conta bancária do Google.

UMA ECONOMIA DO BEM

Dentro do que se pode considerar o “bem” no mundo dos negócios, o Google pode ser considerado o exemplo real da economia “ganha X ganha”. Aquela onde o que você ganha não precisa ser subtraído de alguém que perdeu. A utopia, tão reverenciada à esquerda, enfim, estaria contemplada à direita? Tem até o charme do compartilhamento.

O Google investe desde sua origem nessa imagem do bem. “Não seja mau” foi o slogan escolhido pelos fundadores da empresa. A missão assumida foi historicamente humanista, a mesma sonhada por Aristóteles, o Grande Enciclopedista: “organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil”. O Filósofo grego, provavelmente, aplaudiria. O Google conseguiu criar critérios para estabelecer quem vai ter mais destaque nas suas páginas de busca, quando isso significar algum retorno comercial. Os anunciantes podem fazer propostas, cuja relevância o Google vai julgar, de acordo com critérios que consideram o interesse do internauta. Até o sistema de leilão Vickrey é utilizado, buscando a decisão mais isenta e o preço mais justo. Por outro lado, o anunciante também tem garantias quanto ao investimento. Ele paga de acordo com os cliques sobre o seu anúncio. Um dado objetivo, que o Google fornece, com reflexos matematicamente confirmados no fechamento de negócios. O anunciante sabe o quanto custa, mas também sabe o quanto vale.

A LÓGICA BINÁRIA NOS NEGÓCIOS

Página de buscas, mapas de localização por satélite, tradutor de textos, aplicativo para e-mails, site de vídeos, sistema operacional para celulares, … tudo de graça. Ou melhor, tudo pago por quem tem mais interesse. O mercado pagando para ter a atitude mais decisiva do consumidor: um solitário e espontâneo clique. Uma relação que só se tornou possível a partir do mundo virtual – também originalmente grátis – devidamente habitado por exércitos de robôs, conduzindo motores de busca, criteriosamente orientados. Foi assim que o Google ganhou US$ 2,4 mil a cada segundo do ano de 2015, ou então, US$ 75 bilhões no exercício. Há anos é o site mais visitado em todo o mundo.

O fenômeno só confirma a tendência binária na condução de um mundo onde tudo é 1 e nada é zero. A grande descoberta é que zero também vale. No algoritmo desses tempos, a linha “ganhar dinheiro” teria como alternativas “cobrar nada”, ou “cobrar tudo”. Aqui no nosso exemplo, observa-se que lá nas pontas estão a Apple, no final da linha “cobrar tudo” e o Google, no final da linha “cobrar nada”. Uma lógica que a Matemática sempre admitiu e que, agora, tem uma consistente relevância na prática.

Talvez, um dia tudo seja de graça no mundo. Por enquanto, a realidade é que o preço é o que separa a gente das coisas mais imediatas que queremos. Por exemplo, férias inesquecíveis na Polinésia Francesa estão há US$ 50 mil de distância da minha realidade. A grande questão que surge da experiência do Google é de quem cobrar. Há décadas, isso já era verdade em alguns níveis da sociedade. Por exemplo, quem paga para uma celebridade usar um sapato de uma grande marca é o consumidor comum, que fez um carnê lá na sapataria. A marca dá os sapatos para a celebridade e ainda paga um monte, só pra ela nos convencer a usar. Nos dias atuais os robôs do Google, no mundo virtual, já estão encontrando quem pague o nosso e-mail, os mapas de localização, várias coisinhas dessa nossa vida tão comum. E a gente se esforça cada vez mais, na busca do reconhecimento de quanto a gente vale de verdade.

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