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PODER E ÉTICA NO USO DA TECNOLOGIA

“Desarmado e perigoso”! Se não for o MacGyver, personagem da lendária série de ação e aventura da TV, só pode ser um policial londrino. A tradição da Scotland Yard, de não usar armas de fogo no policiamento metropolitano de Londres, exigiu do efetivo atributos pessoais e alguns acessórios capazes de intimidar malfeitores. No caso dos acessórios, o mais recente é a câmera de vídeo. Isso mesmo, o que deveria ser equipamento para determinados níveis de oficiais, agora faz parte do uniforme de toda a corporação.

Durante o período de um ano em que foram testadas, as câmeras demonstraram quase um “poder de fogo” no policiamento. Num país onde as leis são levadas mais a sério, alguém que se proponha a transgredir vai pensar mais antes de se expor a provas incontestáveis de som e imagem. Não dá para arriscar na criatividade e contrapor a própria palavra contra a dos policiais, diante do juiz. A verdade ou não sobre eventuais abusos de poder dos policiais também preocupa menos, uma vez que caíram em 90% as reclamações desse tipo depois das câmeras.

Todo o efetivo que faz o policiamento de rua, ou seja, cerca de 22 mil policiais, agora são olhos atentos e programáveis de toda a polícia. Com essas novas câmeras em Londres, agora são mais de 7 milhões de câmeras, entre fixas e móveis, por toda a Inglaterra. É quase uma câmera para cada 10 habitantes. Uma verdadeira nuvem de câmeras sobre o reino de Elisabeth.

GRAVAR NÃO É NADA, PERTO DE GERENCIAR AS INFORMAÇÕES

No jargão tecnológico, é exatamente uma nuvem de câmeras, pelo menos em Londres. Só um sistema do tipo Cloud Computing seria capaz de viabilizar e dar efetividade a esse tipo de vigilância. A quantidade de informação que 22 mil câmeras geram por hora, dos mais diversos pontos de uma metrópole como a capital inglesa, é algo colossal. Quanto maior a capacidade de gestão dessas informações, mais eficiente será a segurança.

Em princípio, as imagens podem ser usadas para comprovar delitos e o correto procedimento dos policiais. Elas ficam arquivadas por 30 dias, podendo ser descartadas depois desse prazo. Porém, numa determinada emergência, uma plataforma desse tipo – como a EiTV CLOUD – pode selecionar as câmeras de todos os policiais que estejam próximos ao local. A vigilância passa a ter uma abrangência maior do que a atenção do policial que está presente. Por questões estratégicas, possivelmente as corporações policiais que adotam câmeras não divulguem todo o potencial do sistema. Mas até o escaneamento de imagens de objetos e pessoas poderá ser utilizado para identificação de ameaças.

Policiais americanos, em determinadas regiões, também já utilizam câmeras pessoais automáticas. As vantagens que esse recurso vem comprovando vão fazer com que, em pouco tempo, polícias do mundo inteiro também adotem. Logo, logo chega por aqui. E, se usado com competência, o sistema vai fazer funcionar a nuvem de tempo bom nas grandes cidades brasileiras.

UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

Como nada que aqui se inventa é tão perfeito, o poder de vigilância desses sistemas está sendo questionado pela invasão que representa à privacidade dos cidadãos. Na medida em que aumenta a capacidade de interação dos vários bancos de dados posicionados nas nuvens computacionais, uma pessoa pode ter todos os seus passos vigiados.

As leis já começam a estabelecer limites e, com certeza, vão exigir configurações compatíveis nesses sistemas. O uso de alguns recursos como, por exemplo, rastrear a presença de determinada pessoa, só poderá ser autorizado por oficiais de alta patente. Mesmo assim, mediante justificativa documentada em relatório.

Por outro lado, tratando de forma anônima os transeuntes, esses dados podem contribuir para outros setores, como mobilidade urbana, geração de lixo, informações meteorológicas.

A tecnologia está gerando mais e mais poderes. E, em geral, poderes podem ser usados para o bem ou para o mal. Na medida em que o uso indevido vá sendo identificado, cabe aos desenvolvedores criar ferramentas eficazes de controle. Isso deve tornar a ética um atributo cada vez valorizado entre os profissionais da área.

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