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NEGÓCIOS TECNOLÓGICOS NAS LOJAS SÃO MAIS SEGUROS DO QUE NOS BANCOS

Há muito tempo, antes da ciência existir, a inteligência humana estava perturbada, procurava caminhos para criar, inventar. Um grupo desses cérebros inquietos, denominado alquimistas, observava mistura de compostos na tentativa de transformar vil metal em ouro. Isso mesmo, queriam misturar ao ferro, ao cobre, alguma coisa que os transformasse em ouro. Os otimistas podem dizer que eles conseguiram dar início à Química, uma ciência que, hoje, vale muito mais do que todo o ouro do mundo. À época, porém, os mais realistas devem ter tido a sensação de que perderam tempo. Ainda bem que os investidores de risco da época ainda não tinham chegado às fórmulas atuais de financiamento de startups. Iam ficar no prejuízo.

A ambição humana pelo poder sempre teve o traço patológico que a diferencia da ambição pelo saber. O poder quer gerar valor além da utilidade prática que cada coisa tem. Por exemplo, o valor que o petróleo atingiu, muito acima do ouro, justamente em função do que a química agregou àquela matéria prima tão especial. Se tem dúvida é só consultar o volume de negócios em ouro e comparar como o negociado em petróleo nas bolsas dos grandes centros financeiros. Taí, olha só! Outra forma de gerar valor do nada, o mercado financeiro. Lá, papel vale mais que ouro, do que petróleo, soja, arroz, algodão, vale mais do que qualquer coisa. Até dívida, num bom papel, se vende lá.

O estado da arte na geração de valor, atualmente, é vender pensamento. Embarcado num bom hardware, pensamento vale bilhões. Tanto que já tem papel circulando num mercado financeiro só pra pensamento.

É MUITA ABSTRAÇÃO

As máquinas do passado tinham um “pensamento” só. Estava no projeto e dava uma utilidade específica a cada máquina. Com a tecnologia da informação isso acabou. Num mesmo hardware cada pensamento dá uma utilidade diferente à mesma máquina. Gera um valor, de fato. O problema é que essa mágica gera também uma perturbação perigosa naquele lado patológico da ambição humana. Eles criam um papel em cima disso e saem por aí, permutando fortunas por possibilidades de lucro. Como foi, para alguns, no malfadado final da “bolha pontocom”, no início da década passada. Negócios da Internet viraram uma panaceia, que enriqueceu os espertos que entraram no começo e empobreceu os incautos que saíram no final.

Agora estão arrumando um outro nome para outra rodada de transações malucas. “Tech Momentum” é a pegada, escrita assim, em latim, talvez pra parecer alguma coisa sagrada, redentora. Já vem com um signo detonador de compulsões, o “momentum”, que é para os “patos” não terem tempo de pensar, entrarem de cabeça. E ao pé do arco íris, no caldeirão de ouro, está a Internet móvel, os novos aplicativos para tablets e, principalmente, celulares.

APLICATIVOS X APLICAÇÕES

O que pode confundir os cidadãos normais é que muitos valores reais vão surgir e convencer. Você já pode usar cartão de crédito no seu celular para fazer pagamentos, novos aplicativos vão simplificar muito o trânsito, o acesso ao transporte de massas, as tarefas domésticas, a segurança da casa. Até o acompanhamento da sua saúde, o exame e controle das suas funções vitais, vão passar por celulares, reduzindo drasticamente o tempo despendido em filas e em deslocamentos. Mas tudo isso, tenha certeza, vai custar muito pouco. Serão aplicativos que você vai baixar pagando alguns dólares, que vão facilitar a sua vida, render muita economia.

O problema é quando o seu banco vier oferecer um fundo de investimento “tech momentum”, lastreado em papéis dessas empresas. Ali estará o grande risco! É verdade que, no mercado financeiro, o conceito de risco é o mais exato, porque se considera os dois lados. Lá se compra e vende o risco de ficar rico. O que ninguém fala é que esse risco é bem menor do que o de ficar pobre. Se tem dúvida, o endereço para tirar a prova é insuspeito: a biblioteca da Bolsa de Nova York. Os dados das movimentações de “players” que atuam diretamente no pregão foram usados por cientistas, em várias épocas, para concluir que o saldo da maioria fica no vermelho. Estão mais para jogadores compulsivos do que para investidores calculistas. Só se dá bem quem consegue sair na hora certa, mesmo que seja com pouco.

Essa perigosa combinação de “pensamento que agrega valor muito rápido” com a compulsão pelo risco, ainda vai fazer muita história nesse mundo. O importante é você decidir se quer apenas ter uma vida mais prática, utilizando os melhores aplicativos, ou se quer arriscar ficar rico, através das grandes aplicações no mercado financeiro.

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