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O QUE É E O QUE PARECE SER

Você acreditou quando disseram que todas as capitais brasileiras teriam 5G disponível em 2022? Esperava um crescimento da base de telefonia móvel no Brasil?

Os dados “manchetados” podem não ser esses, mas isso não significa necessariamente que o setor de telecomunicações foi decepcionante. Talvez até o contrário, pois as oscilações dos números estão relacionadas a  movimentos promissores. Por exemplo, o crescimento das pequenas operadoras e a filtragem de linhas que, há algum tempo estavam desativadas, mas apareciam como parte da base instalada.

Telefonia e dados móveis inverteram a tendência de crescimento que vinha desde o começo da pandemia. Mas essa queda não representou exatamente um movimento do mercado. Foi mais um ajuste nos registros de uma realidade que já vinha de algum tempo. O crescimento partiu de uma base de 255,6 milhões de linhas em janeiro de 2022 e chegou a 261,2 milhões em outubro. Com as definições em torno da venda da Oi Móvel para as outras três concorrentes – Vivo, Claro e Tim – houve uma forte queda em novembro, dando novo rumo para a curva. Muitas linhas inativas foram definitivamente desligadas e no fechamento do ano a queda ficou em 2,43%. Para o mercado a boa notícia veio das pequenas operadoras. No final do ano, consideradas como um todo alcançaram um total de 5,858 milhões de linhas, um número ainda pouco expressivo no contexto nacional. Porém, foi o único aumento observado, uma vez que todas as grandes operadoras registraram quedas.

Curiosamente, o número é bem próximo do total do 5G no Brasil. Foram quase 5,8 milhões de linhas com a última geração da telefonia móvel. Numa comparação feita pelo site Teletime, o 4G, à sua época, só alcançou esse número de clientes dois anos depois do lançamento comercial. É o dobro do tempo que o 5G precisou. No entanto há uma variável importante a ser considerada. Diferentemente das gerações móveis anteriores, o 5G foi anunciado prometendo uma revolução que nem todo 5G é capaz de entregar. Na prática, tem o 5G NSA, que não oferece a latência e a velocidade de conexão que foi divulgada desde o começo. Só o 5G StandAlone, também conhecido como 5G puro, traz tudo aquilo que se falou da quinta geração desde o começo. Nessa categoria foram cerca de 3 milhões de linhas em 2022. O outro, o 5G “meia boca”, preencheu o restante do número anual.

Ainda no contexto das telecomunicações, a TV por assinatura passou por mais uma queda em 2022. Caiu 7,2%, menos do que há um ano, quando a queda ficou nos dois dígitos. A base instalada fechou o ano com 12,48 milhões de assinantes e a queda mais significativa continua sendo na TV a cabo. A DTH – por satélite, via pequenas parabólicas – também teve uma redução porém, muito menor. Também neste caso, o que está crescendo é a fatia das pequenas operadoras. Muito por conta de plataformas como a EiTV CLOUD que acrescentam muitas funcionalidades para o assinante via streaming. Os provedores de pequeno porte – ou PPPs, como são mais conhecidos – por conta da gestão mais eficiente oferecem serviços melhores e mais baratos.

A conectividade é o fator que agrega o lado mais atraente das tecnologias de consumo. De certa forma equivale a reconhecer que as aplicações é que fazem a alegria do mercado. São softwares, frutos da criatividade dos desenvolvedores, que entregam o que o consumidor procura. Desde que devidamente turbinada por boas conexões.

O 5G tem o condão de dinamizar esses negócios. Mas, talvez pelos custos dessa tecnologia, pouco se tem visto por enquanto. Nos próximos anos a popularização dos aparelhos 5G e o crescimento das áreas de cobertura devem criar as condições objetivas para que os desenvolvedores ofereçam muitas novidades. Só então vai ser possível estimar melhor o quanto esse mercado pode render. As coisas vão estar conectadas e novos hábitos vão se formar entre a população, com diferenciais para cada classe social.

Considerando alguns centros de excelência e um contingente remanescente de mão de obra altamente qualificada – boa parte já migrou para o Exterior – o Brasil precisa entrar definitivamente no clube de fornecedores de novas soluções. Até agora, no desenvolvimento de softwares, não são exigidos grandes investimentos. Para além das boas versões nacionais de aplicativos já usados amplamente, a hora é propícia para avanços mais ousados. Nesses casos vai precisar fortalecer as áreas de negócios. Pesquisas de mercado, técnicas de marketing e recursos para abordagem de novos clientes podem elevar os negócios a patamares superiores. Falta só aceitar o esforço para se tornar protagonista.

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