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ADVINHE QUEM VEM PARA O JANTAR

De quantos participantes do Big Brother Brasil você se lembra? E do Master Chef, A Fazenda, ou outro reality show qualquer? Mesmo quem não assiste a esses programas, no dia seguinte à saída de cada participante ouviu alguma coisa no rádio ou viu fotos, vídeos e matérias em sites de notícias, jornais, emissoras de TV, blogs,… Eles são efeitos de um fenômeno que tende a acabar.

Quem ainda não teve seus 15 minutos de fama, pode esquecer. O tempo das “celebridades instantâneas”, profetizado pelo artista plástico Andy Warhol há 50 anos, já passou. À época, a TV estava se expandindo muito rapidamente. A onipresença da mídia em cada lugar do mundo só aumentava. Uma indústria muito cara que foi crescendo nas mãos de poucos.

No futuro de então, vislumbrava-se o surgimento de um oligopólio, capaz de decidir o que o mundo deveria saber ou não. Poucos teriam o poder de escolher coisas importantes ou frivolidades para o conhecimento de todos. Foi pensando nisso que Warhol, que também era cineasta, teorizou sobre a possibilidade dos15 minutos de fama que cada uma das pessoas experimentaria.

Até que a Internet e os smartphones tornaram a entidade “público” muito mais acessível. Sim, talentos se revelaram por conta própria, pela facilidade de acesso ao público. Porém, o mais surpreendente tem sido o interesse do público, não por produzir, mas por assistir a tudo que apareça em qualquer tela.

Agora os magnatas da comunicação, que não gastam muito com equipamentos e transmissão, têm de encontrar um jeito para abastecer as telas. Bons filmes, séries, do presente e do passado, todos os arquivos, todos os formatos, todos os assuntos. Entrevistas, música, documentários, esportes, realities, para todos os idiomas e culturas. Há muitas maneiras de produzir conteúdo, outras vão ser inventadas. Alguém vai aparecer para comprar.

E por que tanta certeza disso? Porque mais um nome de peso chegou na área! E essa gente poderosa não investe onde não tem nenhuma expertise, sem antes fazer estudos muito cuidadosos. O mapa da mina só pode estar lá.

NÃO É FRACO, NÃO

O que há em comum entre OTT e AT&T? Além da semelhança das siglas, agora elas passam a aparecer de mãos dadas num mesmo mercado. A gigante de telecomunicações anunciou que dentro de um ano vai lançar um serviço de streaming para concorrer com Netflix e Amazon Prime. Entusiasmado, John Stankey, CEO da WarnerMedia, garante que o novo serviço estará preparado para concorrer com Disney e Apple, outros dois gigantes que também já garantiram presença no mercado OTT.

Nem mesmo Alexander Graham Bell, inventor do telefone e criador da AT&T, sonharia com esses rumos da própria empresa! A WarnerMedia é parte da Time Warner, que a AT&T negociou no último mês de junho na base dos 85. Uma simplificação que o setor admite, uma vez que as negociações nessa área costumam ser todas na base de bilhões de dólares. A WarnerMedia inclui os ativos da HBO, Turner e Warner Bros.

Stankey já anunciou que os programas da HBO vão ser os primeiros a serem disponibilizados. As produções da Turner e da Warner Bros devem fazer parte de um serviço premium para os assinantes. Analistas preveem uma nova era nesse mercado, onde a “entrega exagerada” deve ser a estratégia para alcançar o público em massa.

Como contraponto, Bob Iger, CEO da Disney, afirma que a empresa pretende marcar presença no mercado OTT pelo “jogo de qualidade” ao invés do “jogo de volume”. Mesmo assim ele acentua que o serviço de streaming, que deve ser lançado pouco antes da AT&T, vai oferecer uma “quantidade significativa” de conteúdo em sua biblioteca. A Disney fechou a compra da maioria dos ativos de TV e filmes da 21st Century Fox, numa negociação de US$ 66 bilhões. O Disney Play, além dos conteúdos da própria Disney, deve contar com produções da Pixar, Marvel, National Geographic e da franquia Star Wars.

O outro OTT estreante, a Apple, parece estar adotando uma estratégia mais ambiciosa ainda. Sem contar com grandes acervos de sucesso, está contratando nomes de peso da indústria de conteúdo. Da Sony Pictures Television já trouxe Jamie Erlicht e Zack Van Amburg, do Channel 4 contratou Jay Hunt e o experiente Joe Oppenheimer, da BBC Films, também está integrado ao time. A surpreendente contratação da Jornalista Oprah Winfrey, no começo deste ano, deixou no ar a dúvida sobre o que a Apple tem em mente nessa área. Esses nomes devem ser os responsáveis por produzir todo o conteúdo para concorrer no nível dos outros grandes players.

Isso tudo sem falar nos US$ 8 bilhões que a Netflix vai investir em novas produções neste ano. Assim fica claro o por quê de se prever tanto dinheiro investido em produção de novos conteúdos.

VISÕES DO FUTURO

Nesse cenário todo parece haver uma única certeza: produzir conteúdo tende a ser um grande negócio. Inclusive para pequenos produtores, aqueles que até agora não poderiam nem pensar em concorrer num mercado desses.

A grande dúvida é como esse conteúdo todo vai ser consumido. Parece que os grandes players estão dispostos a criar suas próprias TVs globais que terão, como característica contrastante com a TV tradicional, um conteúdo totalmente customizável. Cada um vai ver o que quer, cada um vai ter seu próprio horário nobre, que será o tempo disponível para assistir/interagir com tanto conteúdo.

A tecnologia tende a abrir espaço para oferta de conteúdo. Desde os carros autônomos – o condutor vai virar só passageiro – como com outros gadgets que permitam fazer duas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo, um óculos para você correr pelo parque ao mesmo tempo em que assiste a um vídeo.

Fica um suspense porque a reação humana nem sempre é previsível. As comprar online não levaram os shoppings à falência e o vídeo cassete não acabou com as salas de cinema. Eram as previsões de muitos.

O conteúdo audiovisual deve se consolidar num modelo bem parecido do que foi observado no começo da Internet. Milhões de sites foram povoando o espaço cibernético, aberto a qualquer navegante de qualquer lugar do mundo. De acordo com as demandas observadas, cada um dos sites foi adaptado para idiomas e culturas que interessassem. A diferença é que hoje os meios eletrônicos são capazes de receber pagamentos até de uma tribo da Amazônia.

Por fim, quem tem um canal de televisão hoje, deve ficar mais atento para a conferência global ordinária, de 2023, que direciona o uso do espectro. Pode ter pressão dessas corporações gigantes, que estão entrando no OTT. Se o público confirmar a demanda esperada, as frequências reservadas ao broadcast podem ser direcionadas para sinal de Internet. Nesse caso, quem tem uma emissora de TV, deve se preparar para virar um canal dentro de algum desses serviços OTT.

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