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O FUTURO ESTÁ EM SUAS MÃOS

Muita gente ainda não entende por quê o preço do feijão pode subir muito, mesmo depois de uma super safra no ano anterior. A resposta está na armazenagem. As donas de casa sabem que depois de mais ou menos 3 meses o feijão que ainda não foi pra panela endurece, não tem como preparar para consumo. Longe da cozinha não tem muita diferença. Ainda não descobriram uma tecnologia com custo viável para estocar grandes quantidades de feijão. Diferente do arroz, também da soja, do milho e muitos outros grãos que podem ser armazenados por longos períodos.

Comercialmente, o feijão é mais ou menos um smartphone. Não dura na prateleira, porque se passar muito tempo não vale mais nada. A outra semelhança – que serve aqui para o mercado brasileiro – é que caiu no gosto do povão, quase ninguém fica sem.

Nesta curta trajetória do smartphone pela história ele tem se mostrado um fenômeno sem precedentes. Por exemplo, para a indústria de tecnologia de consumo, ele é a grande esperança de 2017. Só ele pode atenuar o impacto daquelas que são consideradas as duas principais incertezas políticas com potencial para impactar a economia: a posse de Trump no governo dos Estados Unidos e o Brexit, o ainda virtual desligamento da Inglaterra da União Europeia. Olha só onde a coisa foi parar!

DO QUE SE TRATA EXATAMENTE

Convenhamos, o que hoje o mercado compra como smartphone não é mais um telefone celular, mas sim o que veio depois dele. Trata-se de um híbrido, talvez um PP – Personal Plataform (a denominação mais adequada já foi usada e ficou velha, senão seria mais pertinente chama-lo de PC – Personal Computer). A indústria do setor tem um jargão emblemático, com um toque até cabalístico: “Os Sete Magníficos” são as tecnologias que mais vendem na atualidade, a saber: tablets, desktops, notebooks, televisores, câmeras, relógios inteligentes e, claro, smartphones. Esse último é capaz de desempenhar as funções de todos os outros, tanto que é quase um predador do resto dessa lista.

No Brasil, dados da Sinditelebrasil, que reúne as operadoras de telefonia, mostram que o uso do smartphone para serviço de dados já empata com o uso para serviço de voz. A comparação foi feita a partir da receita média por usuário, que em setembro/2016 estava em R$ 19,00. Desse valor, 51% foram gastos com serviços de voz e os outros 49% com dados. Em 2011 a proporção era de 80% e 20% e desde então o consumo de dados só cresceu. Não se pode esquecer que, no Brasil, ainda 21% dos aparelhos nem tem capacidade de acesso à banda larga de Internet. Por isso tudo é que o celular, cada vez mais, deve deixar de ser telefone.

Não será por esse motivo que essa máquina vai perder importância. Ao contrário, a previsão de vendas mundiais das tecnologias de uso popular em 2017 aponta para algo em torno de US$ 929 bilhões. É o que diz a ACT, a associação americana de tecnologia de consumo. No ano passado foi maior, chegou a US$ 950 bilhões. A mesma ACT afirma que a queda só não vai ser mais acentuada por causa dos smartphones, cujas vendas devem assinalar mais um crescimento.

ISSO AINDA VAI LONGE

O bom e velho telefone celular chegou ao Brasil ainda analógico e tinha a missão de diminuir de tamanho. Era por conta desse complexo de grandeza que os aparelhos se diferenciavam: quanto menor, mais valorizado. Os preços chegavam a patamares surpreendentes, até que o lendário StarTac, da Motorola, chegou a custar US$ 2 mil por aqui. Tudo porque era o menor, um flip que nem aparecia quando estava no bolso.

Na medida em que foi se popularizando o celular fez nascer novos fabricantes. Um dia virou digital e começou a agregar novas funções, além da mera capacidade de comunicação por voz. Os preços foram se ajustando a faixas mais baixas, o conceito de smartphone surgiu, mas as outras funcionalidades ainda não eram tão práticas. Foi o Iphone que definitivamente marcou o surgimento do sucessor do telefone celular. Agora os preços voltam a subir e a tendência é aumentar de tamanho.

Hoje o sufixo phone é mera tradição. Poderia ser smartvideo, smartgame, smarttaxi, smartmap e até smartmoney, dentre outras aplicações. O diretor de estudos de mercado da CTA, Steve Koenig costuma dizer que “o smartphone está no centro do universo do consumidor de tecnologia”. De fato, toda novidade que aparece quer se aproximar do poderoso gadget. Em muitos casos ele está se tornando o painel de operação de outras plataformas, como acontece com vários sistemas IoT.

E pensar que, nem faz tanto tempo, muita gente temia que os computadores dominariam o mundo. Hoje o povo parece estar gostando dessa servidão. Só não percebeu ainda que a antiga ameaça mudou de nome, talvez para dominar mais discretamente.

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