BLOG
sexta-feira, 24 de março de 2023
TENDÊNCIA DE ALTA PODE SER PARA TODOS
Vendedores… ah, o que seria do mundo sem eles! Essas pessoas têm o poderoso dom de nos fazer querer. Quando o mundo só consumia o essencial, a magia era fazer os outros quererem, deles, a mesma coisa que todos os outros ofereciam. Eles inventaram o supérfluo só pra ter mais o que vender. Assim cresceu a economia, que trouxe novas necessidades, que estimularam a economia, que faz novos tempos cada vez mais rápido.
É muito poder na mão de poucas pessoas (vendedor raiz mesmo!). A saída foi dividir a mágica em etapas. A primeira delas é a propaganda, que tem a força de despertar os instintos mais primitivos do consumidor. O marketing, em vários níveis, da degustação ao sorteio milionário, vai chegando mais perto… do bolso. Daí vem o crédito pra meter a mão lá dentro de uma vez. A tal da decisão, cada vez mais escondidinha na cabeça. Parece que só faltava mesmo o delivery.
Se não acredita é só olhar o quanto cresceram as vendas depois das plataformas de entrega. Não tem que soletrar endereço, falar ponto de referência, a cor do portão ou o nome do porteiro. É escolher com um dedo e pagar com o outro. Já, já está chegando. Em um caso, em particular, a entrega é imediata. Sim, o streaming é o delivery mais rápido do mundo. Um desafio para ser compreendido enquanto mercadoria. O negócio começou com uma locadora de vídeos enviando DVDs pelo correio. Até que essa locadora fez o mesmo que aconteceu com as cartas, deixou os correios e passou o conteúdo pela internet. Com a Netflix a mercadoria audiovisual mostrou que a demanda era muito maior. Até hoje não se sabe o limite. Por que o audiovisual sob demanda vende tanto? Seria porque é imediato? Porque tem novos sabores a cada entrega? Ou porque nunca se sabe exatamente a reação que ele vai provocar?
O caso é curioso sob vários aspectos. No momento, as gigantes do negócio estão na expectativa de se depararem com os limites da capacidade do mercado. Por outro lado, sabem que um incremento na qualidade pode expandir mais ainda as vendas. Como esse passo é muito caro, aumenta bastante o risco. Mudanças da sociedade podem abrir mais espaço, por exemplo, com os carros autônomos. E a inteligência artificial, será que pode se transformar num outro tipo de entretenimento?
O especialista em inteligência de mercado, Fernando Morgado, que já atuou no Grupo Globo, em artigo para o site TelaViva abordou a questão da propaganda. Ele acredita que as verbas publicitárias terão um papel central no crescimento do streaming daqui em diante. E apresenta números que mostram a sustentabilidade comercial dessa tese. Nos países ricos os assinantes de streaming de vídeo demonstraram margem confortável de aceitação de anúncios para reduzir o preço da mensalidade. Eles são 52% entre os americanos, 44% no Reino Unido e 39% na Alemanha. Os dados são do segundo trimestre do ano passado e estariam fazendo brilhar os olhos de quase 90% dos anunciantes.
Um detalhe interessante que cabe acrescentar é que o Brasil pode estar bem à frente nesse índice de aceitação. Foram décadas de forte expansão no crescimento do consumo de audiovisual à base de anúncios. A TV brasileira foi um fator de peso considerável até na integração nacional. O público acostumou a assistir “reclames” entre as novelas com muita admiração. Discutiam esse tipo de propaganda em festas, elencavam os seus preferidos. Em nenhum outro país isso aconteceu com a intensidade que aconteceu no Brasil. Agora a tendência é de que os comerciais sejam produzidos para o “clima” das produções que vão acompanhar no streaming. Será que isso vai tirar o sustento da TV aberta? O mais provável é que as emissoras nacionais não estejam tão preocupadas com isso.
Acostumadas a produzirem conteúdos, as empresas de televisão tendem a manter um pé em cada canoa. É o que já acontece com a Globo. Tanto a emissora como o serviço de streaming continuam em alta. O GloboPlay já se destaca e faz parcerias estratégicas com as gigantes internacionais. A TV Globo pode estar longe do que já foi há 30 anos, mas ainda é a líder de audiência no Brasil. Sem contar os canais na TV a cabo, por satélite e IPTV.
O caminho que o audiovisual aponta é produzir. Espaço para exibição não vai faltar, desde que haja qualidade. As produções independentes já estão em todas as emissoras, serviços de streaming tem às centenas pelos ISPs do Brasil. Novas tecnologias reduzem os custos de produção continuamente e o bloqueio das distribuidoras tende a enfraquecer, diante de tantas opções. Câmeras, cercadas de talentos por todos os lados – começando pela frente – podem se tornar o capital mais atraente dos próximos anos.
ARQUIVO DE POSTAGENS
