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O MEU É MAIOR DO QUE O SEU

Tamanho até pode ser um diferencial favorável. Mas nem sempre isso é verdade, sem contar os casos em que, ao contrário, traz algumas reclamações. No momento, a indústria de aparelhos de TV está engajada no marketing do “quanto maior, melhor”. Por isso muitas pessoas vão tentar convence-lo de que o seu televisor está pequeno, que alguma situação inesperada pode fazer você se sentir humilhado.

O apelo desse marketing está na melhor definição que a tecnologia já pode propiciar, mesmo em telas maiores. A geração de televisores Ultra HD tem 4 pixel para cada pixel da TV Full HD, o que permite detalhar mais a imagem. A curvatura da tela também ajuda, considerando a largura, que cresce proporcionalmente. Mas as razões desse marketing, ao que tudo indica, está no desempenho fraco das vendas de televisores em todo o mundo. A tecnologia Ultra HD, também conhecida como 4K, não traz vantagens perceptíveis nas telas menores e ainda está limitada pela falta de programação gerada com essa qualidade. São apenas alguns programas em TVs por assinatura ou streaming.

Na prática, uma TV 4K por enquanto é mais uma questão de status do que uma vantagem na sua experiência com TV. A tela curva tende a ser um sinal rapidamente identificável de que a sua sala está “up-to-date”. Mas tenha a certeza de que isso vai exigir novas mudanças em breve, caso você não estabeleça a sua clara necessidade em termos de qualidade de som e imagem.

O TESTE DO SOFÁ

A qualidade da TV ganha importância na medida em que o tempo de consumo desse tipo de lazer aumenta entre os brasileiros, como aconteceu no ano passado. Pesquisa Ibope indica que, em 2014, a média que a nossa brava gente esteve assistindo à TV foi de 5 horas, 52 minutos e 39 segundos por dia. O que equivale a dizer que durante quase três meses, a única coisa que o brasileiro fez foi ver televisão.

“-Ora, então não é importante melhorar a qualidade da sua TV?”, dirão os fabricantes. A resposta óbvia é sim, mas o sentido de “melhorar a qualidade” é que precisa ser mais avaliado. Na mesma pesquisa Ibope consta que o maior estímulo ao crescimento do consumo de TV está relacionado ao aumento de acesso a serviços pagos via televisores conectados à internet e TV por assinatura. É exatamente o que oferecem as “caixas”, os set-top boxes sofisticados, que estão sendo colocados no mercado pela Apple, Roku, Amazon, ou o modelo brasileiro EiTV smartBox.

Os fabricantes de televisores sabem bem disso. O Gerente de Novos Negócios da Philips no Pólo Industrial de Manaus afirma que a meta para 2015 no mercado de televisores é ter 50% da linha Smart. Se considerar a Philips, isoladamente, a meta para a fábrica de Manaus é produzir 80% de seus televisores com capacidade de conexão pela Internet, ou seja, da linha Smart.

PAGANDO BEM, QUE MAL TEM ?

Mas a indústria sabe também o potencial das “caixas” neste mercado. Elas podem oferecer quase tudo que uma TV Smart oferece para a imensa maioria dos usuários. O Gerente Werner Gropp, do setor de SmartTVs da Samsung, afirma que “o acesso maior à internet, com indicadores de velocidade e números de usuários maiores, além do aumento no número de aplicativos com oferta de programação como Netflix e Spotify, influenciaram na mudança do perfil do consumidor e no interesse por esse produto”. Ou seja, os usuários não ligam a TV para bater papo no Facebook ou rastrear sites. Eles procuram mais aplicativos e serviços de streaming, que as “caixas” disponibilizam até em televisores do século passado.

Nos últimos 15 anos, a onda de troca da tecnologia de TV em todo o mundo, a partir do surgimento da TV digital, acostumou os fabricantes a um ritmo de crescimento que não está se sustentando. Mas eles estão no papel deles. Para quem fabrica, os aparelhos de 50 polegadas agora são os “mascotes” da linha. Já se fala em modelos de 58 polegadas, 65 e até 78, com metas para distribuição em todo o varejo.

Se você está preocupado em ver seu vizinho indiscreto com a maior cara de tacho, ou deixar em silêncio aquela visita inconveniente, fique à vontade, o mercado tem boas opções, desde que pague muito bem. Mas se você quer apenas tornar mais agradáveis os meses do ano em que vai estar na frente da sua TV o caminho é outro, muito mais em conta.

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