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A TRILHA DOS BILHÕES E OS HUBS DE NEGÓCIOS

Se há 80 anos os mercados fossem tão vorazes quanto são hoje, as emissoras de televisão iriam cobrar um valor por televisor vendido pelos fabricantes. Afinal, de que serviria aquela geringonça na sala, se não houvesse emissoras gerando conteúdos? Não existia nem videocassete para exibir sequer uma festa de casamento. É, mas o tempo passou e agora são as fabricantes de televisores que querem mais.

O setor de entretenimento, um dos negócios mais lucrativos do mundo, entrou numa reorganização brusca que está mexendo com muitas indústrias, incluindo a de televisores. Uma montanha de dúvidas começou com o streaming de vídeo, um modelo criado pela Netflix. A primeira grande surpresa foi o tamanho do mercado de consumo de audiovisual. Os grandes estúdios ficaram eufóricos com o streaming vendendo conteúdo como nunca. Mas devem ter assustado quando a própria Netflix começou a produzir audiovisual. Hoje se percebe que a produção era necessária para atender um mercado que se revelava insaciável.

O cenário a que se chegou é de uma profusão desses serviços, de gigantes como Disney e Amazon – além da própria Netflix – até pequenos provedores regionais. Os produtores de conteúdo estão crescendo, mas enfrentam uma disputa mais arriscada, por conta dos altos investimentos. As TVs por assinatura procuram alternativas para não perderem mais espaço e as emissoras abertas apostam num novo e poderoso sistema de transmissão. Elas também concorrem no mercado de produção. Nenhum desses players se sente seguro a essas alturas. Todos sabem que, do jeito que estão, tendem a ser engolidos em poucos anos. Colocaram os anunciantes no jogo, mas sabem que precisam inventar mais para garantirem um lugar na tela dos televisores. “-Lugar onde??”

O papel dos fabricantes de televisores até aqui foi determinante. São eles que entregam tudo que está em disputa, ou seja, o conteúdo audiovisual. Multiplicaram a qualidade de som e imagem, também o tamanho das telas e conectaram tudo na Internet, nos cabos, parabólicas e na transmissão aberta. De quebra, implantaram todas as ferramentas para conhecer o mercado inteiro, da cabeça pra dentro. Quem parece ter olhado para isso tudo de forma diferente foi a Samsung. Talvez até pela forte presença que ela tem também em outro mercado altamente competitivo, o de celulares.

O grande negócio no horizonte da Samsung parece ser a publicidade. A empresa criou a plataforma de streaming Samsung TV Plus, oferecendo conteúdos on demand e canais, tudo bancado pela publicidade. Quem apoia essa estrutura é o Samsung Ads, o sistema que orienta os canais parceiros para direcionar a publicidade. No Brasil há dois anos, já são 65 canais parceiros. No mundo são 1.900 ao todo. O que abastece o sistema com dados são os 15 milhões de televisores conectados que a empresa tem espalhados por endereços brasileiros. Esses aparelhos não oferecem uma amostra para um universo maior. O enorme conjunto de dados que eles analisam permite conhecer muito mais profundamente a audiência, bem além de qualquer amostragem. Falando ao site Teletime, Essio Floridi, Diretor de Vendas e Operações do Samsung Ads, citou uma tecnologia de reconhecimento de conteúdo, a ACR – Automatic Content Recognition. A partir disso tudo fica muito mais fácil: “-A gente acompanha a jornada de audiência, os pontos de maior impacto, os aplicativos mais utilizados, os conteúdos mais consumidos, os dispositivos conectados”, disse Floridi. Em alguns países o Samsung Ads já está integrado aos smartphones, mercado importantíssimo que a marca lidera no mundo.

Além dos 15 milhões de televisores no Brasil, só nas Américas são mais 40 milhões. Os dados que o sistema acumula permite projetar tendências, que o Samsung Ads repassa para os canais parceiros em geral. Seguindo a mesma tendência do Google, a Samsung está mais focada em conseguir parcerias com canais FAST, os gratuitos. A grande vantagem é que apresentam programação linear, como uma TV aberta. E, para a publicidade, já foi constatado que a eficiência é maior quando inserida numa grade estruturada.

O outro espaço de atuação do Samsung Ads são os games. Um conteúdo interativo de forte presença nos televisores. O Brasil foi um dos primeiros países a receber a plataforma de cloud games da empresa. Segundo Guy Gibbs, também diretor da empresa, aqui já existia uma rede robusta. E os planos da Samsung por aqui não são nada modestos. Segundo Gibbs, “o Brasil já era a menina dos olhos para o mercado publicitário e também será para games, por isso o país está entre nossas prioridades”.

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