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SOBRE A INTELIGÊNCIA NAS MÁQUINAS DIGITAIS

E mandaram o mundo parar! Como assim, a rotação? A translação? Não, a transição para a Inteligência Artificial (IA). A gente ainda não está preparado para ela. Uma carta publicada pelo Instituto Future of Life, assinada por sábios, profetas e doutores, questiona os riscos de se desenvolver mentes não humanas que nos superem. Entre os signatários está Yuval Harari, escritor israelense de sucesso, que faz as vezes de um sábio dos tempos atuais. Entre os profetas, por exemplo, o mega empresário Ellon Musk, que gosta de previsões. Doutores é o que mais tem, são centenas de cientistas dos principais centros de pesquisas do Ocidente, inclusive do Brasil.

O que é para fazer, então?

Nada. Pediram para não fazer pesquisas sobre IA por seis meses, o que vai dar no início da nossa primavera, outono no hemisfério norte. Até lá, a inteligência natural também não vai produzir nada sobre o tema. Não vai haver cúpulas, discussões, enquetes junto à opinião pública, nada. Governos mundo afora expressaram preocupações, apoio à iniciativa, outros fingiram que não ouviram. Mas ninguém assinou papel algum. Será que a China parou de pesquisar IA? Os Estados Unidos pararam? A Amazon tem alguma garantia de que a Microsoft ou a Apple pararam? Pois é, esse amontoado de perguntas nem o ChatGPT responde. E com tantas transações relacionadas a IA a gente fica pensando se o efeito prático de tudo isso não é apenas uma monumental campanha publicitária em torno do produto IA.

É verdade que inteligência, seja qual for, assusta. Apareceu um animal inteligente na Terra e taí, bomba atômica, aquecimento global, extinção de espécies. O business intelligence ou inteligência de negócios, que se faz a partir da gestão de gigantescos bancos de dados (big datas), já deu confusão. Pessoal passando por cima da privacidade alheia, vendendo suas preferências para o mercado lhe cobrar mais caro. Contra esses riscos são necessárias normas. Estão aí as leis sobre segurança de dados, algumas já têm correções e assim vai.

Na verdade, desde que os computadores chegaram no varejo, já tinha uma inteligência artificial lá, ainda que bem modesta. Eles vieram com “inteligência” – ou “esperteza”, se você preferir – suficiente para entender e interagir com pessoas comuns. Antes, só pessoal muito bem treinado conseguia mexer com computador. Essa protointeligência foi crescendo aos poucos, na medida em que surgiam novas ferramentas mais complexas porém, acessíveis a pessoas comuns.

Um caso simples que pode exemplificar é o de uma pequena escola virtual fundada no Brasil. Administrada por dois sócios a escola começou a oferecer cursos virtuais sobre vários temas. Com o tempo o negócio foi aproximando especialistas nas diversas áreas e também na produção das aulas virtuais. Qual a melhor didática para ensinar pelo vídeo, como criar ambientes virtuais agradáveis, como apresentar gráficos e tabelas com maior clareza. Os cursos foram fazendo sucesso e depois de alguns anos a escola já tinha 6 mil alunos. Puxa vida, que sucesso! Tanto que um canal educativo do governo do estado propôs iniciar uma parceria para oferecer os curso pela TV (UAU!!). Perceba quanta informática tem aí. Programas para editar vídeos, fazer animações, programas para gráficos, para criação de tabelas, banco de dados para cadastrar alunos.

Mas ainda faltava mais “inteligência” como suporte da empresa, algo que aumentasse a capacidade de gestão. Então a escola descobriu uma plataforma com tudo pronto. Onde o aluno se inscreve, paga, faz a própria grade curricular, assiste às aulas, também palestras, vídeos didáticos específicos para os principais temas. Os professores preparam as aulas, apresentam, atendem alunos com o agendamento feito em comum acordo. E os gestores recebem relatórios sobre tudo que acharem importante, têm indicadores de desempenho. No final do mês, pagam de acordo com o espaço que utilizaram na nuvem. A mesma plataforma – no caso, a EiTV Cloud – tem “inteligências” prontas para empresas, programas de treinamento, serviços de streaming, Terceiro Setor.

Retomando o exemplo da escola, no final do ano passado, a quantidade de matrículas ativas era de 550 mil alunos. Isso mesmo, praticamente 100 vezes o total de alunos que demorou anos para conquistar num canal da internet. Com tanto sucesso essa escola deve estar instalada numa das grandes cidades brasileiras. Está instalada na capital mais distante do centro do país, precisamente em Boa Vista, Roraima. A população da cidade é menor do que o número de alunos da escola. Pois é, fenômenos da inteligência. Daquela inteligência que humanos desenvolvem sobre plataformas digitais.

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