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O DESAFIO DE SOBREVIVÊNCIA DO YAHOO!

O topo tem o poder particular de transformar qualidades em defeitos e vice-versa. No caso das mulheres então… Marissa Mayer, CEO do Yahoo, é a mais recente candidata a “loira burra” do Vale do Silício. Ela chegou à empresa com um currículo que incluía a criação do design da barra de pesquisas do Google, mas também uma capa da Revista Vogue. Há outros pontos fortes do lado técnico, mas as bênçãos que a natureza mantém naquela mulher de 40 anos, são imperdoáveis para algumas mentes. O design da barra foi o detalhe que deu a simplicidade como característica mais atraente para o Google. À época, representou um duro golpe contra o Yahoo, pioneiro como site de busca. Seguiram-se outros reveses e o Yahoo, um ícone da história da Internet, continuou perdendo posições.

Foi em 2012 que a estrela Marissa emergiu ao cargo de CEO do Yahoo, com a missão de reverter estragos que amargavam aquele que é o decano entre os grandes investimentos da Internet. Estava diante, inclusive, das cicatrizes que ela própria causou, quando trabalhava no Google. A posição que ela estava assumindo, nos 5 anos anteriores já tinha passado por seis mãos, daquelas peludas, que não têm esmalte nas unhas, nem sofrem censuras machistas. O plano da CEO era mudar o balanço da empresa em 3 anos, mas o prazo venceu, antes de ela mesma conseguir anunciar qualquer vitória.

COM AÇÚCAR, COM AFETO

Glamour e beleza já eram marcas do veterano Yahoo antes da chegada de Marissa. A sede da empresa tem área construída equivalente a dez quarteirões. Fica a beira mar, em Sunnyvale, com paredes de vidro que dão vista para a Baía de São Francisco, dentre outras maravilhas da vizinhança. A executiva levou para o Yahoo o charme típico das grandes do Vale do Silício, cercado de uma “perfumaria” supostamente capaz de energizar o ambiente. As refeições melhoraram e ficaram gratuitas, biombos foram abolidos, transformando os escritórios em salas imensas. Os funcionários tiveram que comprar smartphones novos – segundo ela, mais compatíveis com quem produz aplicativos – técnicas de reunião do Google foram adotadas e até o cafezinho passou a receber elogios. Como resposta, os habitantes solares daquele local deveriam criar novos produtos e aprimorar os antigos. Assim Marissa esperava ampliar o número de usuários, em torno de 1 bilhão de pessoas por mês. Hoje, ela já fala em contenção de gastos, redução de 15% de funcionários e revisão estratégica.

Como empresa, o Yahoo tem um valor difícil de alcançar consenso no mercado. Por outro lado, enquanto holding, o grupo possui 15% do gigante chinês Alibaba, avaliados em US$ 29 bilhões, além de outras participações que somam um total de US$ 43 bilhões. No final de abril, o fundo de hedge Starboard Value ganhou 4 assentos no Conselho da empresa, como parte de um compromisso que sinaliza para a venda do Yahoo. Por enquanto, os interessados de destaque são a Verizon e YP Holdings, o editor das Páginas Amarelas americanas. Eles sabem que estão em vias de comprar um grande nome, o que é importante para uma empresa. Mas essa grandeza, nos últimos anos, chamou mais atenção para as seguidas quedas que o mais famoso tiozão da Internet tem experimentado. Quem comprar o Yahoo estará comprando também o grande desafio de inovar, de torna-lo novamente agradável aos olhos dos internautas, assim como agrada a bela imagem de Marissa Mayer.

ENTRE A HISTÓRIA E O FUTURO

Em “tempo digital”, onde tudo fica velho muito rápido, o Yahoo até que é bem longevo. O lugar desse nome na história da Internet vai sempre merecer respeito. A questão é que alguns bondes já passaram e ele ainda não mudou de estação. É preciso decidir se o que a história já conta é o suficiente, ou se existe o desejo de seguir para novos capítulos.

A culpa não é da beleza de Marissa Mayer. É a Internet que é totalmente imprevisível e cosmopolita, características que não costumam ajudar no mundo dos negócios mais conservadores. Cifrões e adrenalina formam uma combinação atraente para o mercado de capitais, onde riscos e dinheiro mudam de mãos em segundos. A Internet já mostrou que pode construir bilionários em muito pouco tempo, mas não necessariamente por muito tempo. O risco estará principalmente em outros algoritmos, capazes de atrair mais atenção de uma massa de audiência impossível de imaginar antes do surgimento da grande rede mundial.

Por enquanto, os algoritmos mais inovadores parecem sair das cabeças do Google. Eles criaram a maior porta de entrada da Internet, a mais rápida e segura. Desenvolveram aplicativos de utilidade inquestionável, que já fazem sucesso, mas ainda estão longe do potencial que podem alcançar. O Google parece ter elevado o nível da web, tanto para o usuário comum como para grandes empresas, dispostas a pagar bem por soluções rápidas. No outro extremo, o Facebook se apropriou das futilidades para criar um novo hábito de comunicação, cujo nome genérico é rede social.

Num cenário desses, o que seria capaz de gerar um novo polo de audiência na Internet? É exatamente este o desafio que o gigante grisalho chamado Yahoo tem pela frente.

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