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A TV COMO INCUBADORA DE NOVAS TECNOLOGIAS

Não chega a ser disciplina obrigatória na faculdade dos farmacêuticos. Mas a habilidade de entender letra de médico está entre as indispensáveis para a profissão. Sinal de que a disciplina de caligrafia não faz parte do histórico escolar dos médicos. Seria uma deficiência adquirida pelos médicos ou uma estratégica para conversar diretamente com o farmacêutico, sem o paciente de boi na linha?

É… , letra de médico não tem remédio. Nesses casos, nos dias atuais, o problema passa a ser digital. Sistemas informatizados, há décadas têm trazido soluções inteligentes para os mais diversos desafios. Agora, crescem as soluções inteligentes artificialmente. Um puxadinho da verdadeira inteligência. Ou soluções “adestradas”, como cães de pastoreio, que tomam algumas decisões na condução de rebanhos, desde que devidamente preparados. Tanto faz. A questão é que esse é precisamente o segundo maior negócio de aquisição que a Microsoft já realizou. No início da semana foi anunciada a negociação, na qual a gigante de softwares adquiriu a Nuance Communications por US$ 19,7 bilhões. A empresa é especializada em Inteligência Artificial, com aplicações principalmente na área da saúde.

As soluções da Nuance permitem interagir com máquinas usando voz, como na transcrição ditada por profissionais de saúde. Esses recursos podem ser utilizados, por exemplo, no preenchimento de prontuários eletrônicos. Foi constatado que tarefas desse tipo estão entre as mais rejeitadas em clínicas e hospitais. A ponto de atrasar o processo de transformação digital da saúde. Daí a importância da tecnologia de voz. Para entender palavras ditas por diferentes pessoas, diversos timbres, sotaques, precisa de alguma capacidade de “compreensão”. A inteligência artificial da Nuance vai bem nessas situações. Convenhamos, não é uma tarefa trivial. Imagine transcrever palavras como “nefrolitotomia percutânea”, “vaso-vaso anastomose”, “picrato de butezina” ou “fosfoetanolamina”, com a precisão indispensável para o caso de registros médicos. Pois agora esses recursos estarão disponíveis na Azure, a nuvem da Microsoft.

Um grande avanço na tecnologia de reconhecimento de voz aconteceu em função da televisão. Principalmente depois da implantação do sinal digital. A programação com legendas, para telespectadores surdos, passou a ser mais exigida. Um movimento que cresceu no mundo todo e capitalizou bastante as empresas que desenvolvem esses recursos. Isso foi importante para que investimentos fossem direcionados para maior precisão das transcrições e, consequentemente, adoção da tecnologia em outras áreas.

Os recursos disponíveis – ou possíveis – no sinal digital de TV estimulam o incremento tecnológico dos televisores. Esses aparelhos são produzidos em larga escala e isso reduz os custos de componentes e sistemas utilizados em outros equipamentos, para outras áreas. A imagem 8K é um dos recursos que a medicina japonesa tem utilizado há anos.

Nos próximos anos a TV aberta no Brasil pode dar um outro salto tecnológico. O Fórum do SBTVD – Sistema Brasileiro de TV Digital, está trabalhando na normatização do que está sendo chamado de TV 3.0. O projeto é baseado na última geração do middleware Ginga, totalmente nacional. O software foi desenvolvido pela PUC-Rio e pela Universidade Federal da Paraíba e já teve várias implementações. Em todas elas ele foi reconhecido como o mais avançado do mundo. As alternativas de interatividade que ele propicia para televisores são as de menor custo no mercado. Talvez por isso elas nunca foram implantadas comercialmente.

A última geração é chamada DTVPlay e coloca o sinal digital de TV associado ao sinal de Internet de forma transparente (não perceptível para o usuário). Dessa forma o usuário pode passar de um jogo de futebol que esteja sendo transmitido, para o Youtube, da mesma forma que passa para um outro canal de TV aberta. Se um usuário está assistindo a uma novela que foi produzida em 4K, o sistema avisa e, ao toque de um botão, o usuário pode assistir à versão 4K pelo streaming, correndo em paralelo. Porém, o primeiro recurso a ser disponibilizado, já está em teste em algumas praças. É o som imersivo, propagado em 360o, ou seja, dá a sensação de vários pontos sonoros no espaço. Ao assistir a um jogo de futebol, a sensação é de sons que veem da esquerda e da direita, de trás, de cima ou abaixo. Como se estivesse na arquibancada do estádio. Entre as opções, também está aumentar apenas a voz do narrador, ou a das torcidas. O Eng. Luís Fausto, Coordenador do Módulo Técnico do Fórum do SBTVD, acredita que antes do 4K, o público da TV aberta brasileira vai poder contar com HDR – High Dynamic Range. Essa tecnologia é compatível com o full HD e garante cores mais reais e maior contraste no vídeo. Isso vai depender também do avanço da tecnologia embarcada nos televisores.

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