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TECNOLOGIA EFICIENTE É AQUELA QUE DÁ BONS NEGÓCIOS

O que acontece quando o modelo de negócio de TV mais rentável do mundo começa a crescer no país que tem uma das melhores programações de TV aberta do mundo? A resposta a essa pergunta só pode ser dada no Brasil. A TV por assinatura, via satélite ou a cabo, é o modelo de negócio mais rentável para emissoras, geradores de conteúdo e distribuidoras de sinal. Mas no Brasil, onde a TV por assinatura é um negócio relativamente recente, os canais abertos ainda são os mais assistidos, por causa da qualidade da programação. Somos o maior país do mundo onde a TV aberta lidera.

Os hábitos vão mudando e a TV por assinatura está vivendo uma segunda onda por aqui. Está crescendo de maneira sólida. Ao mesmo tempo, o sinal aberto de TV digital está expandindo e garantindo uma alta qualidade de som e imagem para qualquer aparelho que tenha uma antena simples. No centro dessa concorrência empresarial está o poder regulador, o governo, que tem arrecadado bilhões de reais com simples licenças de operação no setor.

Agora o governo está preparando a abertura de mais licenças para operadoras de TV por assinatura, que serão concorrentes das atuais como a NET e a Sky. Com as novas tecnologias chegando, estão tentando mudar algumas regras no chamado Regulamento do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC). São as regras do jogo. A reunião sobre o assunto acaba de ser adiada mais uma vez. Quando o regulamento foi criado, a quantidade de emissoras locais era pequena. As empresas de TV por assinatura passaram a ser obrigadas a colocar todas as emissoras abertas locais na lista de canais para o assinante.

REGRAS E MAIS REGRAS

Atualmente, a quantidade de emissoras locais é muito maior. Algumas TVs educativas, com sinal aberto apenas para um município, querem fazer parte do line-up, a lista de canais dos assinantes. Até algumas afiliadas locais de grandes redes chegam a ficar fora dos canais por assinatura. A Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações, que regula o setor, está propondo que os set-top boxes das TVs por assinatura passem a ter 2 tuners, que são os sintonizadores. Um traria os canais da lista do assinante e outro, o sinal de TV digital aberta, tudo numa mesma caixa. Mas as operadoras contestam. Dizem que já são milhões de assinantes pelo Brasil e que a troca de cada caixa teria custos impraticáveis.

Como meio termo, a Anatel fala na exigência da caixa com dois tuners só para os assinantes que estejam em localidades onde o line-up da assinatura já tenha disponível alguma emissora local. Por exemplo, se os assinantes da cidade de Campo Grande-MS tiverem disponível no line-up a emissora local da Rede Globo, terão que ter a caixa com 2 tuners. Ou a distribuidora de sinal deverá incluir todas as outras emissoras abertas da cidade no line-up dos assinantes.

Ainda assim, as TVs por assinatura acham que não seria possível. Afinal, são as cidades maiores que tem emissoras locais, e é justamente onde está a grande maioria dos assinantes.

DE GRAÇA É MELHOR

O impasse regulatório é consequência do choque entre os dois modelos de negócios: emissoras nacionais abertas, de grande sucesso e emissoras internacionais só para assinantes. Como combiná-los numa única fórmula? Fica mais difícil ainda de resolver porque a saga regulatória brasileira é fenomenal. Enquanto concessões públicas, canais de TV aberta ou fechada são cercados de regras, pode isso, não pode aquilo. E regras oficiais são sujeitas a injunções políticas, à pressões, que geraram também uma série de direitos aos radiodifusores – em grande parte, políticos com mandatos eletivos.

A transição tecnológica pode trazer a solução. Quando o sinal digital já estiver implantado na grande maioria das emissoras abertas, o carregamento de sinal aberto deixará de ser obrigatório. Mas, alguns setores da Anatel pensam diferente. Entendem que a obrigatoriedade continua para os distribuidores de sinal. O que cai é a obrigatoriedade de TVs abertas disponibilizarem gratuitamente a programação para as distribuidoras de sinal, como Net e Sky. Emissoras de grande audiência, como afiliadas da Rede Globo, vão poder cobrar para que suas programações apareçam no line-up das TVs por assinaturas. Com a qualidade do sinal digital, muitos assinantes podem desistir de pagar para assistir uma programação que chega com a mesma qualidade, de graça, pela velha e boa antena.

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