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PRECISAMOS FALAR SOBRE TV 3.0 – (2)

No mundo digital a inovação é permanente. Põe uma câmera melhor no celular, o povo gosta muito, depois vêm três câmeras ainda melhores. Na TV digital não é diferente. Várias pequenas evoluções foram surgindo até que juntaram as mais bem sucedidas na TV 3.0. E acrescentaram mais algumas.

O endereçamento de vários anúncios num mesmo intervalo já está disponível no ar. Mas não funciona em todos os televisores. No Brasil, só nos aparelhos Ginga DTV, que não alcançam nem 5% dos lares brasileiros. Por isso as emissoras não investem nisso. O consumidor não vai comprar televisor novo cada vez que surge uma novidade. Então é melhor esperar alguns anos e juntar tudo numa nova geração, com mais novidades ainda. É isso a TV 3.0. Sendo que o grande plus está na integração máxima com o sinal de internet. É ele que carrega e faz a funcionar as principais inovações.

Com tudo isso no ar a etapa seguinte é testar o interesse do público. O que vai “pegar” de fato, o que o público vai curtir? Quando chegou a TV digital todo mundo falou da interatividade. Que se um amigo chegasse no meio do jogo, você poderia fazer a TV exibir os gols que já tivessem acontecido naquele jogo. Isso é possível com o que está aí na sua casa. Mas as emissoras não encontraram anunciantes que quisessem pagar por isso. É aquela questão de “quem vai pagar a conta”. O som imersivo, em parte, já está disponível. Atualmente exige muitas caixas na sala. O imersivo 3D vai usar só uma. Acontece que, para os dois casos, na ora de gravar o capítulo da novela, por exemplo, precisa de um microfone para cada ator, entrando separado na mesa de mixassem. O som do motor do carro, vem de outro microfone, precisar estar perto do carro. Também outro para captar o barulho das folhas que voam com o vento, mais um para o som do pássaro que está cantando. Tudo isso vai para uma mesa, operada por um técnico treinado. Só assim, quando for transmitido para a sua sala, o som das folhas vai vir da direção do chão, o do passarinho vai vir do teto e a conversa dos atores vai ficar como se aquelas pessoas estivessem conversando na sua sala. Legal, né!? Mas tudo isso custa caro, quem vai pagar? Na medida que o público conhece e se acostuma com essa qualidade, ele vai passar a exigir. Demora um tempo, claro. No começo virá só nas grandes produções de Hollywood. O povo vai acostumando, daí quer ter também na novela. Isso deve animar os patrocinadores a pagar. Como foi com a TV em cores. Só veio quando surgiram câmeras que gravam imagens coloridas. O público gostou e os patrocinadores começaram a pagar a conta.

Agora dá para perceber que a TV 3.0 vai oferecer um monte de recursos. O uso efetivo desses recursos vai depender de um tempo. A vantagem com a nova geração está também no lado prático. Fazer funcionar a interatividade nos televisores atuais exigiria um certo conhecimento do telespectador. Os fabricantes perceberam que isso não rola. Ninguém quer fazer um curso para poder usar a televisão. Agora já tem um outro caminho. O controle remoto tende a ser muito simples. Ele só vai abrir o aplicativo num canto da tela e você clica em cima da funcionalidade. Mais um exemplo… num determinado filme, você pode entrar no aplicativo e aumentar apenas o som da fala de um personagem. E pode pedir para baixar mais o barulho do ambiente. Ou então deixa no padrão de origem, onde os sons estão mixados da maneira mais parecida com o ambiente da gravação do filme. Isso tudo pode acontecer até sem controle remoto. Se preferir, pode ser na base do comando de voz. O mesmo para uma compra on line quando algo que está na TV interessa. Será muito fácil.

Isso tudo é só uma pequena parte do que vai ser a TV 3.0. Ela tende a elevar muito o padrão de exigência do público. E também a circulação de dinheiro na produção de conteúdo. Essa é a parte que muita gente ainda não percebeu na proposta da TV 3.0. Ela depende de três fatores. Um é o fator tecnológico, que já está bem resolvido. Outro é o fator negócio, cujas bases estão bem projetadas. E finalmente, tem o fator da formação de novos hábitos na população. Essa última é a parte que ninguém pode prever. Mas, convenhamos, nos últimos anos foi possível testar comportamentos, e entender um pouco melhor o que o telespectador aceita com mais facilidade. “Alea jacta est!” (em latim, a sorte está lançada)

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