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COLOQUEM OS CINTOS, O PILOTO MUDOU

Máquina de escrever, identificador de chamadas telefônicas, sensor de movimentos Kinect, avião e até o Facebook. Tem muita coisa que brasileiros inventaram, total ou parcialmente, mas que enriqueceram empreendedores de outros países. A explicação pra esse tipo de mico é que o dinheiro chega para quem inventa uma forma de uso. Santos Dumont inventou o avião mas a aviação foi inventada em outro país, para que todos pudessem usar aviões. O câmbio automático é uma criação brasileira de 1932, dos engenheiros José Braz Araripe e Fernando Lemos, mas ninguém fabricava carros aqui naquela época. Usar onde, então? Seis anos depois a General Motors comprou a patente e passou a usar e comercializar devidamente o invento brasileiro.

Pois é, hoje a invenção brasileira com maior potencial de uso e geração de negócios no Brasil é o Ginga C. Se tem outra, está bem escondida. O Ginga é um software, do tipo middleware, que instalado num set-top box (conhecido como “conversor digital”), transforma uma TV qualquer num parque de diversões – com cinema! As comparações meio exageradas vão na linha dos marqueteiros, que não poupam a criatividade para fazer tudo virar um grande negócio.

Como o Ginga é pra ser usado numa das máquinas mais importantes do Brasil – o televisor – ele entra num ambiente de negócios altamente regulamentado. Na prática, depende do Governo Federal, pelo menos no começo, para se encaixar na complicada rede de interesses do setor. E de fato, nesse detalhe, há poucos meses houve uma resposta assertiva e corajosa de Ricardo Berzoini, Ministro da Comunicações. Ou melhor, ex-ministro da pasta. São essas duas letras que agora assustam um pouco alguns empreendedores.

PASSANDO O COMANDO

André Figueiredo, o novo Ministro das Comunicações, chegou sob um discurso de independência. Sem entrar nesse mérito, o importante é não esquecer que acertos já definidos e fechados, devem ser respeitados. Político de carreira, que já ocupou secretarias municipais e estaduais do Ceará, Figueiredo tem formação nas áreas de Direito e Economia. Foi Deputado Estadual e Federal, cadeira para a qual foi reeleito em 2014, pelo PDT. Agora licenciado do Legislativo, assume um Ministério de uma área nova para ele. As experiências executivas anteriores foram mais relacionadas à Juventude e programas sociais. Empresário, o Ministro é sócio em uma companhia que atua em Comércio Exterior.

Por enquanto, o fato objetivamente favorável é o nome que ele deve trazer para chefiar a Assessoria Técnica da sua gestão: Flávio Lenz. Profissional experiente e de visão, Lenz atuou no mesmo ministério com Hélio Costa e também com Paulo Bernardo. Ele acompanhou todo o processo de implantação da TV Digital no Brasil e agora volta para atuar num projeto que ele mesmo começou. Um detalhe que pode fazer a diferença foi o esforço proposto pelo então Ministro Hélio Costa, para que mais modelos de celulares fossem fabricados com a capacidade para captar o sinal digital de TV. Possivelmente, Lenz influenciou nesse pleito.

A ROTA PARECE ESTAR MANTIDA

O Ministério das Comunicações tende a crescer em importância dia a dia, talvez até exigindo um desmembramento em breve. Já foi uma pasta mais burocrática, nos tempos em que se relacionava praticamente só com estatais. Com a privatização da telefonia, o crescimento dos dispositivos móveis e agora, com a TV Digital, o Ministério regulamenta os limites de empresas privadas que ainda não viram limites nem nos lucros. No ano passado, um leilão de faixas de frequência – que não custam um centavo para o governo – levantou mais de R$ 8 bilhões só de compensações. As teles disputaram frequências na faixa de 700MHz, então ocupada por sinais de TV. Esse remanejamento de sinal obrigou às compensações, que incluem equipamentos para algumas emissoras e, principalmente, set-top boxes para 14 milhões de lares atendidos pelo Bolsa Família.

Foi exatamente a definição dos set-top boxes que levou o Ministro anterior, Ricardo Berzoini, a uma queda de braço com alguns setores. Berzoini exigiu que as “caixas” – outro apelido dos set-top boxes – tivessem o Ginga C, que garante o mais elevado nível de interatividade entre telespectadores e emissoras. Foi aí onde o Ginga C passou a ser uma conquista nacional, um invento promissor para os mais diversos ramos de negócios.

O ex-Ministro sabe bem todos os motivos que fazem da implementação C do Ginga uma conquista da Tecnologia Brasileira e agora, de toda a população. E ainda, o “ex” das Comunicações é o atual Secretário de Governo, função com status de Ministro. Portanto, nesse cenário, apesar das turbulências tão alardeadas, não parece existir risco para a interatividade na TV pela TV. Mesmo sabendo que alguns setores empresariais ainda não se conformaram com a conquista da Tecnologia Brasileira. Em Rio Verde – GO, onde o sinal analógico já está em contagem regressiva para desligamento, estão reservadas as primeiras caixas para o Bolsa Família. O modelo EiTV smartBox, para o mercado, marca mais um momento de pioneirismo da empresa na TV Digital Brasileira.

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