sexta-feira, 09 de novembro de 2018
Urnas eletrônicas, fake news, cyber ataques, … Ah, que saudades do papel! Do tempo em que notícias vinham mais no papel, voto era no papel e no banco cada cliente tinha uma ficha de cartolina, que os atendentes consultavam antes de lançar novo crédito ou débito. Ataque, quando muito de traças, que em pouco tempo perdiam para o neocid, um inseticida em pó.
Os antigos temiam que os males viriam com os bits. Eles iriam tirar o emprego de muita gente, dar aos poderosos o total controle sobre as populações. Hoje é possível apurar que os sistemas informatizados geraram mais empregos do que tiraram. Incluíram muitas camadas sociais no consumo, criaram novos bens, conforto, saúde, lazer.
Muitos vão dizer que não, vão apresentar dados contestando. Tirados do Google, é claro. A polêmica pode se aprofundar na tentativa de encontrar os reais motivos para esses problemas tão atuais. Eles devem ser os mesmos que também geravam dificuldades há 50 anos: os humanos de má fé.
A diferença básica é que hoje todos têm em mãos ferramentas de empoderamento, baseadas em bits. Conseguem multiplicar malfeitos centenas de vezes e ainda gerar uma progressão em cascata que vai muito além.
Essa é uma reflexão importante a ser feita após um período eleitoral conturbado, polarizado ao extremo. A eleição brasileira de maior repercussão mundial, ao mesmo tempo foi a mais ignorada pelo eleitorado – entre nulos, brancos e abstenções, os números são muito elevados. As grandes ameaças sempre estiveram no mal-uso do que a tecnologia disponibiliza ao homem.
Sem uma ação humana premeditada, as urnas eletrônicas só podem dar mais segurança e agilidade às eleições. Notícias falsas podem ser plantadas por empresas especializadas, mas só atingem seus efeitos nocivos quando replicadas por gente como a gente. Só pessoas comuns podem fazer isso.
A maioria das acusações absurdas que você recebeu pelo WhatsApp, veio de pessoas com discernimento suficiente para saber que aquilo era mentira. Mas replicaram, sob as mais diversas desculpas perante a própria consciência.
É FÁCIL PERCEBER OS MENTIROSOS
Você não leu no seu perfil do Facebook ou do WhatsApp o nome de nenhuma daquelas empresas acusadas de espalhar boatos. Foram eleitores comuns, engajados em um dos extremos, que selecionavam e passavam qualquer coisa que pudesse representar um prejuízo ao adversário. A culpa era sempre do adversário, “porque foi ele que começou”.
A eleição acabou, mas o uso indevido de ferramentas de TI ganhou um exército de adeptos. Uma pauta polêmica espera por soluções do novo presidente, para atualizar o sistema previdenciário, responder aos desafios do mercado de trabalho, parcerias comerciais, entre outras. A enxurrada de dados sobre tais questões já aponta para as dificuldades que devem vir. O Governo Brasileiro, que tem tradição de administração fechada, não colabora com a divulgação de fontes e metodologias para levantamento de dados. E isso deixa muito à vontade os mentirosos em exercício.
A maior ameaça parece estar na falta de clareza, por parte das pessoas, quanto aos riscos associados a esse tipo de comportamento leviano. A divulgação de dados falsos, de argumentos distorcidos, pode levar à adoção de medidas equivocadas, cujas consequências vão atingir a todos. É o futuro dos brasileiros que está em jogo. Ao final dessa guerra de informações teremos um país diferente, onde todos vamos viver e de onde virão as possibilidades de se obter trabalho, moradia, atenção básica, aposentadoria. Lá estarão as consequências diretas das mentiras que cada um espalhou. Por isso, está na hora de lançar mais atenção sobre aqueles que podem estar brincando com a verdade. Os divulgadores de fake news podem ser identificados por algumas características:
AS MÁQUINAS NÃO SENTEM
As lendas associadas ao poder dos computadores retomam força a cada novo ciclo de inovação. Com a inteligência artificial (AI) começam a voltar as conjeturas sobre um eventual domínio da máquina sobre o homem. Uma análise superficial é suficiente para colocar de lado essas suspeitas.
O que está sendo criada é a inteligência artificial e não a emoção artificial. Essa última, de fato, poderia ser um grande problema. O fato é que nada indica ser possível construir um sistema capaz de fazer brotarem emoções.
Não é o conhecimento, a quantidade de dados ou a habilidade em lidar com eles que pode ser prejudicial à sociedade. Essas são algumas das características da inteligência. Os problemas são gerados pelo egoísmo, pelo orgulho, a inveja, o medo, rancor, intolerância, ressentimentos. E isso só o homem é capaz de sentir. É desses sentimentos que a humanidade padece desde o início dos tempos. São as emoções que podem conduzir pessoas despreparadas a atuarem sem o mínimo de bom senso. É aí que está o perigo.
No Salão do Automóvel deste ano, em São Paulo, o que faz os modelos chamarem mais atenção são os sistemas de TI embarcados. O digital está surpreendendo também nas casas inteligentes, nas alternativas de lazer, nos esportes. Os bits são tudo de bom! Basta que os utilizemos mais como nossos parceiros do que como cúmplices dos nossos piores sentimentos.
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