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A SAGA DA “TELEVISÃOZINHA”

Na época do guaraná de rolha, do sapato Passo Doble, do brim Coringa, dos drops Dulcora e da Sukita, exatamente como hoje, era no cinema que o futuro chegava primeiro. Geralmente na ficção científica, porém, também de um jeito prosaico nos filmes de ação. Muitas coisas que até já existiam, só que vinham combinadas de uma forma improvável, como se viu nas primeiras edições do eterno 007. Nunca faltava uma “televisãozinha”. Da poltrona a gente ficava pensando que logo alguém arrumaria um jeito de “encolher” o aparelho que nos era tão íntimo.

O futuro chegou e se materializou no smartphone que é bem melhor do que as telinhas 3 por 4 do 007! Tem o tablet também. Já vêm até com câmera, GPS e aplicativos que tirariam James Bond de várias enrascadas. O roteirista da próxima continuação que se vire, vai ter que inventar, talvez turbinando a caneta – outro instrumento que costuma vir cheio de truques. O celular vai ter que aparecer, não tem jeito, porque hoje é tão personagem do cotidiano quanto as pessoas. Mas não vai fazer inveja para ninguém. Se tiver um aplicativo muito especial quando você for comentar com os amigos diga do jeito certo: “-o agente usou um mobile para perseguir o bandido”, assim mesmo, “mobáil”. Esse papo de “televisãozinha” já era.

O tempo mostrou que não era só tiozinho que pirava na televisãozinha. Nesta semana, em Barcelona, mais uma edição do Mobile Word Congress consagrou o vídeo no celular como a mais recente “killer application” do mercado. As aplicações que transformam o celular numa plataforma OTT estiveram no centro do evento. Enfim, o sonho do “mobile video“.

ATÉ AÍ, ESTAMOS EM DIA

Já houve outras tentativas, mas não decolaram. Exceção em alguns países como o Japão, onde o público aceitou logo. Talvez por causa da tecnologia 1-seg do sistema de TV digital japonês. Mas não era exatamente a programação da TV aberta que o público queria em mãos. Foi a solução OTT, a partir do advento de serviços como YouTube e Netflix, que caiu como luva no gosto popular. Para uma parte considerável da audiência, o conteúdo dessas plataformas tem tudo. E o próprio usuário faz a programação que quiser.

Cada vez mais o desafio se concentra nas mãos de quem produz conteúdo. As limitações físicas de som e imagem, que qualquer mobile sempre vai ter diante de uma sala de TV UHD, são também limitações da fisiologia humana. Olhos e ouvidos precisam de mais espaço para maior conforto. Isso sugere conteúdos específicos para o mobile, mais curtos, tomadas de imagem menos abertas, cenários menores. O lendário “Chaves”, por exemplo, tem um formato que é a cara do mobile video.

Mas a grande conclusão é que, quem tem uma tela na mão, quer vídeo, mais do que uma programação pronta. E essa é a bandeira de largada para que os produtores de conteúdo invistam, uma vez que o mercado não esconde mais o que quer. A outra variável forte aponta para redes sociais, mais especificamente para o todo misterioso WhatsApp. Nunca os celulares foram tão acessados por qualquer outro aplicativo. No entanto, o aplicativo ainda não custa nada, não vende propaganda, o Facebook paga a conta. Na sua apresentação durante o MWC, Mark Zuckerberg disse que está muito otimista em relação ao vídeo, especialmente o vídeo ao vivo. Isso e só pra constar, porque alguma novidade relacionada a vídeo ao vivo deve surgir em breve no WhatsApp.

JAMES BOND DE PIJAMA… COMPUTADORIZADO

Como já comentado aqui neste blog, no Brasil o mobile video tem dificuldades estruturais. A boa notícia é que tem também inteligência cibernética preparada para superar parte da precariedade. Num balanço entre prós e contras, o mercado interno é promissor. Tanto para os conteúdos convencionais, como para nichos específicos, como modalidades esportivas, áreas de conhecimento, círculos culturais, EAD, treinamento empresarial… As possibilidades são infinitas, a capacidade de armazenamento “cloud” também. Foi essa reciprocidade tão complementar que levou a EiTV a desenvolver a plataforma de mobile video EiTV CLOUD a partir do know how avançado em tecnologias de computação em nuvem e OTT.

Na Europa, o mobile video cresce ao ritmo de 50% ao ano. E os modelos de negócios ainda podem variar muito, desde aplicativos patrocinados, TV Everywhere, até o modelo de venda de assinaturas. São alternativas já prontas no pacote da EiTV. Rodrigo Araújo, diretor da empresa que esteve no estande da EiTV na MWC, afirma que, em termos de software para mobile video “não apareceu nada na Feira que já não tenhamos no nosso pacote. Colocamos o Brasil up-to-date nesta tecnologia.” Para ele, quem está buscando novidades são as fabricantes de hardware. “A tendência é utilizar o enorme potencial que as plataformas de mobile video tem para desenvolver novas funcionalidades”, concluiu.

Nesse sentido, houve lançamentos de aparelhos que fazem vídeos e fotos em 360 graus, celular com bateria removível para abrir espaço de conexão com outros aparelhos, inclusive óculos de realidade virtual. A realidade virtual, aliás, desponta como uma nova tendência, ao lado da IoT, a Internet das Coisas. Um exemplo foi a Oral-B que apresentou escovas inteligentes que avisam quando todos os dentes foram devidamente escovados. Teve ainda micro caixas de som com capacidade para sonorizar eventos como churrascos ou festas de aniversário, com a mesma qualidade das caixas que você usa atualmente. Isso sem contar a “computação de vestir”, que começou pelos smart watches, mas quer evoluir para pulseiras, colares e até roupas. Quem sabe, um pijama computadorizado para o velho James Bond. Se continuar assim, não vai sobrar nem a caneta para os roteiristas de filmes de ação tentarem surpreender.

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