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SUAS ESTÓRIAS E ALGUMA COAUTORIA

Nos tempos em que as sagas de Indiana Jones faziam sucesso no cinema, há uns 40 anos, os dados passaram a ser mais valorizados. Não os dados processados aos bilhões para embasar uma única decisão. Mas os enigmas que o personagem de Harrison Ford encontrava, às vezes uma mera inscrição, um amuleto, uma forma física qualquer. Aquilo era um dado, que precisa ser interpretado, para se transformar numa informação que abriria um novo caminho na estória.

Quanto aos dados contábeis, financeiros, gerenciais, estratégicos, científicos e tantos outros que são processados em cada esquina, esses já eram bem valorizados naquela década de 80 do século passado. Estão cada vez mais preciosos, e trazem muitas provocações. Afinal, quais os significados que podem revelar?

Bons conteúdos e dados de consumo se encontraram mais uma vez esta semana. Foi no Espaço Itaú de Cinema, num debate sobre audiência, conteúdo e tecnologia. A quantidade espantosa de dados não “deflaciona” a importância deles, pelo contrário, só faz aumentar. Tudo depende da forma como esses dados são agrupados, tratados e interpretados, tema de estudos e pesquisas de uma, relativamente nova, e específica ciência, a Ciência de Dados.

No mercado de conteúdo audiovisual os dados serviram, em princípio, para mapear novos nichos. Depois, também para direcionar a propaganda. Agora, utilizando-se bem os dados disponíveis, pode-se direcionar melhor o investimento em novas produções. Considerando o crescimento cada vez mais rápido da oferta de conteúdos, esse tipo de direcionamento passa a ser fundamental.

Se o “feeling” não basta para entender a audiência, a inspiração também não é tudo para fazer surgir uma nova estória. Escolher o estilo de direção e até o perfil dos atores para o elenco, pode ser melhor orientado pelas informações obtidas a partir dos dados mais recentes. Tudo vai depender da maneira de procurar, selecionar e tratar os dados certos. Isto é, seguindo corretamente as diretrizes que a Ciência de Dados está revelando.

Em matéria do site Tela Viva o head de marketing do Globo Play, Tiago Lessa, afirmou que metade da sua equipe são cientistas de dados e especialistas em matemática, estatística e tecnologia. Ainda durante o evento, Luís Fernando Silva, da Parrots Analytics, destacou a importância de avaliar corretamente cada fonte, para cada tipo de dado. A empresa monitora como o público reage na Internet em relação a novos conteúdos audiovisuais. Pode ser um like, um retweet, comentários, pesquisas no Google, downloads, free streaming. Cada um demanda uma interpretação diferente, que vai ser considerada no “genoma” de um novo conteúdo a ser produzido.

Outra referência importante, já citada há algum tempo, foi atualizada por dados mais recentes. Trata-se de um estudo da IBM sobre o ritmo de crescimento do volume de informações no mundo. Paulo Pereira, da Desbrava Data & Marketing, lembrou que até o ano de 1900, a quantidade de informação dobrava a cada 100 anos. De 1900 a 1945, eram necessários 25 anos e, a partir de 2019, a cada 12 horas duplica a quantidade de informações disponíveis, segundo o estudo da IBM.

É curioso pensar que tipo de ser humano pode surgir a partir do fechamento desse ciclo de preferências. Na medida em que é apurado o gosto de cada um, ele passa a fazer parte de um grupo, para o qual vão ser produzidos conteúdos customizados. Isso deve fazer com que cada um se interesse mais ainda pelo consumo de conteúdos audiovisuais, que estarão cada vez mais próximos do que cada um espera. As pessoas vão mudando de grupos, mas sempre estarão sendo monitoradas quanto às suas respectivas preferências.

Teremos um mundo mais satisfeito? Ou um mundo mais polarizado ainda em seus grupos de afinidades? Por enquanto, o que parece certo, é que teremos um mundo mais lucrativo para quem produzir conteúdo audiovisual com base em dados bem analisados e interpretados.

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