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UM CLIMA DE FICÇÃO CIENTÍFICA DO LADO DE FORA DA TV

Quer ser dono de um televisor último tipo? Vale a pena começar a fazer as contas. Não apenas porque já está velha aquela tela fina comprada há 8 anos, que fez o maior sucesso na vizinhança. Mas porque tem uma fila de tecnologias esperando para entrar no ar e ninguém sabe qual delas vai emplacar. O que todo mundo sabe é que isso vai sair caro e quem não tiver sorte na escolha vai ficar no prejuízo.

Voltando à sua primeira tela fina, deve ter custado em torno de R$ 2 mil nos idos de 2008. Provável que não seja nem Full HD, a tela deve ter menos de 50 polegadas. É pequena para os padrões atuais, mesmo nesses tempos em que as casas estão encolhendo. Quem procurar uma similar hoje só vai encontrar Full HD, mais fina, com muito mais recursos e ainda vai economizar meia dúzia daquelas notas de R$ 100. Isso sem contar que a inflação no período ficou em torno de 65%. Saiu caro, não é mesmo!? Imagine quem comprou as primeiras telas finas trazidas para o Brasil, no começo dos anos 2000. A tecnologia era o plasma – que não emplacou aqui – e as maiores telas, acima de 45 polegadas, custavam mais de R$ 40 mil, então equivalente a dois carros populares 0 Km.

A dúvida é se, num futuro próximo, não será melhor alugar uma TV “da hora” do que pagar muito dinheiro por um aparelho que vai ficar velho logo. Talvez inútil ou dependente de conversores, como está para acontecer nos Estados Unidos. Televisão ainda é o lazer mais universal e mais consumido no mundo. Quer dizer que, na sua casa, sempre vai ter alguém reclamando se o seu aparelho não oferecer tudo que tem na casa do vizinho.

TELEVISOR MUDANDO, TELESPECTADOR MANDANDO

Mesmo com as várias novidades da última década, a relação do público com o aparelho não mudou tanto. O controle remoto revolucionou mais o hábito do que a TV digital. No momento, a tecnologia que mais vende no segmento é um incidente tecnológico chamado Smart TV. É um televisor que tem um computador integrado. Ganhou longe da TV 3D, se é que você se lembra dela. No lançamento da Smart TV a palavra da moda era “convergência”, uma tendência de informatização de tudo. Celular vira computador, tablet vira telefone, televisão vira computador, essas coisas. Achavam que o povo iria usar televisão pra falar no Skype, navegar no Facebook, fazer compras pela Internet. Nada disso. O Twitter e o Yahoo foram na onda e criaram canais específicos para este uso. Fecharam em pouco tempo. O incidente redentor foi o Netflix, a “locadora virtual” que apenas simplificou um hábito antigo. Foi para acessar este serviço que a Smart TV emplacou. O “Smart” ficou mais no botão vermelho, que vários modelos já trazem, pra conectar direto o Netflix.

Hoje, dos 103 milhões de televisores brasileiros, 16 milhões são Smart TVs. O curioso é que 94% das Smart foram compradas nos últimos dois anos. Ou seja, TV com computador integrado está virando regra no mercado, porque ninguém quer ficar sem Netflix. Sim, baixar filmes e séries é o que fazem 85% dos donos de Smart TVs, consumindo uma programação que toma 45% do tempo em que o aparelho está ligado. Os fabricantes insistem em turbinar os novos aparelhos, na tentativa de retomar o sonho de mudar o hábito de uso da TV. Mas, por enquanto, o único uso novo com possibilidade de “bombar” vem dos aplicativos de vídeo on-line. É na nuvem digital que, de fato, está se concretizando o sonho de disponibilizar uma fonte infindável de conteúdo, facilmente selecionável, também direcionável.

AFINAL, DE ONDE VIRÃO AS MUDANÇAS?

A Internet ainda é uma concorrente da TV, mas em breve pode se tornar a mais forte parceira. As novidades que surgem desafiam os tradicionais modelos de negócio. Com a digitalização do sinal as transformações que antes ficavam por conta da plataforma de recepção – que é o televisor – agora acontecem também na outra ponta, na plataforma de transmissão. A grande mudança que ainda está acontecendo nos lares brasileiros, em função da passagem do sinal analógico para o digital, já vai acontecer de novo nos Estados Unidos. O upgrade para o sistema de transmissão ATSC 3.0 vai exigir a troca de todos os televisores, ou o uso provisório de conversores.

O novo sistema americano não iria exigir tanta mudança por pouca coisa. Para o público, além da qualidade de imagem 4K, estará disponível a interatividade – recurso que o Ginga C já oferece aqui no Brasil mas está sendo desprezado – e o acesso a serviços da Internet, dentre outros. Para as emissoras, vai permitir a medição de audiência e até a segmentação da publicidade, o grande diferencial publicitário da Internet hoje em dia. A emissora poderá mandar um comercial de bicicleta para um telespectador de 20 anos, ao mesmo tempo em que envia um comercial de viagens para uma senhora de 60 anos.

As grandes companhias de TV por assinatura dos Estados Unidos, fortemente golpeadas pelo Netflix, hoje se seguram principalmente em função da banda larga que oferecem. Parecem ser fortes candidatas a futuras locadoras de aparelhos. No pacote, além de oferecer os serviços tradicionais, já incluiriam o televisor que o cliente quer ter em casa. Podendo até trocar num final de semana, para uma festa de aniversário ou algum grande evento esportivo. Você não acredita? Fique à vontade para fazer a sua previsão. As possibilidades são tantas que o cenário está em aberto. Em se tratando de TV, hoje a ficção fica bem também do lado de fora da tela.

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