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AS CIDADES COMEÇANDO A “PENSAR” MELHOR

“No primeiro dia Deus criou a luz…” Faz todo sentido, mesmo para quem não tem fé. Afinal, o trabalho dos cinco dias seguintes precisaria ser visto, contemplado. E, se Deus pode trabalhar no escuro, para aqueles que viriam, seria complicado. A luz é um fundamento, um bem em especial, criado com total dedicação. Desse fato vem todo um simbolismo que dá sinais nesta outra ponta do tempo, onde vivemos.

A criação aqui na nossa simplicidade terrena tem no horizonte as cidades inteligentes. E, novamente, começa pela luz. Melhor dizendo, pela iluminação pública. Uma série de avanços na gestão e nos sistemas de iluminação pública estão chegando aos poucos no mercado, por enquanto, sem “poréns” ambientais. Ao contrário, economizam energia e permitem o compartilhamento para outros usos, por meio do IoT. Aqui não se trata das redes de energia. O up grade tecnológico nesses sistemas está nas redes de conexão que fazem a gestão da energia que vai chegar às lâmpadas. Usa recursos para economia e maior conforto, como a dimerização. Essas redes de conexão têm como característica um custo ultra baixo e capacidade de longo alcance (long range) com baixa potência. E, enquanto redes inteligentes, são escaláveis. Se são escaláveis, têm sobra de capacidade, o que permite compartilhamento.

Uma outra solução de gestão – esta de caráter mais administrativo – é a terceirização de redes de iluminação pública em várias cidades. Em 2020, 51 cidades brasileiras passaram os serviços de iluminação pública para empresas privadas, cujos contratos somam R$ 17,3 bilhões, para atendimento, ao todo, de uma população de 35,8 milhões de pessoas. Esses sistemas têm vários ganhos com as redes de conexão, que podem ser compartilhadas para outros usos. Pois é, para quem vem acompanhando há anos a briga entre empresas de energia e empresas de telecomunicações no uso de postes, agora está vendo uma convergência tecnológica dos dois segmentos. Ainda limitada, uma vez que essas conexões não conseguem trafegar grandes quantidades de dados. Os serviços de fibra óptica têm uma capacidade várias vezes maior.

No lado das telecomunicações um outro arranjo de gestão muito interessante tem sido as redes neutras. Um caso em especial chamou atenção durante a recuperação judicial da Oi. A empresa Highline comprou apenas as torres da permissionária. Ora, se a Highline não tem operação própria de linhas de celulares, por que teria interesse nas torres de transmissão da Oi? A resposta é simples: para atender, como terceirizada, a rede de celulares da Oi e de qualquer outra empresa que precise terceirizar uma rede de conexão. Isso é rede neutra. Não tem bandeira, está ali para oferecer a conexão a quem precisar.

No mundo digital é um desperdício manter 3 ou 4 redes paralelas quando, cada uma dessas redes, tem capacidade para transmitir os sinais de todas as outras. A rede neutra, que não é concorrente de nenhuma das operadoras, pode conciliar essas transmissões, nos termos de cada contrato. A exemplo dessas grandes redes neutras de fibras ópticas, com altíssima capacidade de transmissão de dados, surgem essas redes de conexão long range de alta potência. Ou redes LoRa. Esse tipo de rede pode ser operada por meio de vários protocolos, como o WAN – Wide Area Network, que dá acesso ao uso das camadas superiores. É a rede LoraWAN, utilizada para gestão das redes de energia de iluminação pública.

Ao chegar nesse ecossistema, onde a iluminação pública é toda controlada por IoT, a cidade inteligente só precisa desenvolver suas habilidades. Ou melhor, “habilitadas”. A conexão está lá, basta ligar outros serviços da forma mais simples possível: plug and play. Pode começar pelo controle dos semáforos, ou também medir a qualidade do ar, gestão de resíduos sólidos e até o rastreamento de carros e caminhões a serviço da prefeitura. Empresas privadas também podem utilizar o sistema. Em artigo publicado no site Teletime, Gustavo Zarife, da empresa Everynet, deu o exemplo de como um serviço de entregas por aplicativo pode gerir muito melhor os deslocamentos. O serviço pode ter, em tempo real, a posição de todos os entregadores. Em situações críticas, essas informações permitiriam ações mais rápidas e eficazes.

Com certeza a criatividade de gestores dos vários segmentos vai encontrar novas formas de utilizar esses sistemas. Novos negócios podem surgir a partir da disponibilidade desses recursos. E assim, os custos de manutenção da rede pública de iluminação, podem ficar mais em conta para o contribuinte.

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