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AS APOSTAS ESTÃO CRESCENDO NA TV ABERTA

TV aberta regional: este é o nome de um negócio que está se consolidando no espaço empresarial confuso da TV americana. Quem garante é ninguém menos do que Gordon Smith, presidente da NAB, a associação de emissoras dos Estados Unidos.

A confusão é obra da Internet. Necessária, sem dúvida, é o rumo da história. Mas, ao contrário do que acontece nos programas de televisão, a história não pode garantir final feliz para todos os protagonistas. São milhares de radiodifusores americanos, que giram um negócio de mais de US$ 100 bilhões/ano, e ainda estão sem saber exatamente o que vai acontecer nos próximos 18 meses. A boa notícia é que a tecnologia, até então uma perversa algoz das práticas tradicionais no chamado “segmento broadcasting”, agora começa a trazer mais soluções. E a história, que resolveu acelerar seus fatos, está deixando um precioso rastro de notícias, que a mídia pode vender bem.

Outro gato desse balaio, que está ficando por cima, são os serviços OTT – Over The Top, que distribuem conteúdo via Internet, como o Netflix. Eles tem a facilidade multiplataforma e oferecem muitas opções ao alcance de um click, sem necessidade de esperar pelo horário da programação. Especialistas do setor broadcasting estão lançando uma avalanche de pesquisas entre os usuários, cujos resultados revelam o que faz a preferência dos consumidores do tipo de lazer que, em algum dia, chamou-se apenas televisão.

A SECRETA IDENTIDADE DA AUDIÊNCIA

O que está em jogo é um terço da vida dos americanos adultos. Pesquisas indicam que lá – como acontece também aqui no Brasil – os adultos passam, em média, pouco mais de cinco horas ao dia em frente à TV. Descontando um mínimo de oito horas de sono, esse tempo representa cerca de um terço da vida ativa. Na realidade americana, onde 85% dos lares tem TV por assinatura – cabo ou satélite – esse lazer sai principalmente do bolso do telespectador, que paga mensalmente. Os anunciantes brigam por essa audiência e pagam uma parcela menor, ao contrário do que acontece no Brasil.

Apesar da onda “cordcutter” americana – os usuários que estão cancelando a assinatura de TV – pesquisas da HorowitzResearch mostram que 75% dos assinantes acham importante ter a disponibilidade de multicanais. Pode ser mais ou menos como acontece com o telefone fixo aqui no Brasil. A grande maioria das pessoas não usa mais em casa, só fala pelo celular, mas sente alguma segurança em contar com aquele aparelho que enfeita uma estante qualquer. Porém, a necessidade objetiva do serviço multicanal aparece no horário nobre, quando entram no ar os noticiários com o resumo da última volta da Terra e as criações mais elaboradas dos especialistas em comunicação, transformadas em programas de TV. Esse conteúdo é considerado essencial para pouco mais de 65% dos entrevistados.

O emaranhado de dados das várias pesquisas revela que o usuário de TV, antes considerado muito passivo, na verdade é bem mais complicado do que parece. Não basta medir o que ele consome e pensar em oferecer quase a mesma coisa por outras vias. A simples combinação OTT e TV aberta não atende o que o assinante de TV espera para essas horas de lazer. Tanto que no Brasil, com uma TV aberta de alto nível e disponibilidade de séries e filmes via OTT, a TV a cabo vem crescendo de forma consistente. Seria ótimo para as empresas do setor se esse crescimento não estivesse aumentando tanto a concorrência e reduzindo os preços.

O ESPECTRO DE FREQUÊNCIAS DOS EUA DEVE AJUDAR

No final das contas essas questões acabam encontrando solução no velho clichê da qualidade. Por mais surpresas que a tecnologia tenha usado para enfeitar conteúdos e inebriar os consumidores, eles ainda estão em busca das qualidades essenciais. A Internet distribui fofocas e suspeitas de todos os tipos, que são vendidos baratinho, mas por pouco tempo. Isso só fez aumentar a necessidade de um Jornalismo confiável, de credibilidade, produzido profissionalmente. Os “filmes cabeça”, produzidos por amadores narcisistas, também já passaram do tempo e perderam o capacidade de impactar.

O que Gordon Smith vê nas TVs abertas regionais é a agilidade para produzir Jornalismo rigorosamente “up to date” e, segundo ele, com mais independência que as grandes redes. Além, é claro, de muito mais proximidade com a realidade das pessoas. O custo de produção é estável entre os serviços dos profissionais, como repórteres e apresentadores e cai a cada dia na tecnologia.

É a tecnologia, afinal, que agora está tornando os ventos para os lados da TV aberta regional. Smith espera que, no próximo leilão de faixas de frequência, que vai acontecer em breve nos Estados Unidos, as emissoras abertas regionais possam compartilhar boa parte do espaço de transmissão. As novas tecnologias, como as de compressão e de modulação de sinais no sistema ATSC-2, devem aumentar a capacidade de transmissão da TV digital americana, ocupando apenas 60% da faixa do espectro que ocupam atualmente. A outra parte elas devem compartilhar com operadoras de telefonia móvel. É a chave para conseguir mais audiência em dispositivos móveis e a segmentação da publicidade, que vai distribuir os anúncios de acordo com o perfil de cada telespectador, num mesmo horário.

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