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A NOVA ERA JÁ ERA

 

“-Hmm, como assim?” Essa pergunta já foi a “senha” mais temida na SET Expo, até há uns 5 anos, mais ou menos. Significava que o cliente que acabara de ouvir sua explicação era um profissional de televisão, mas ainda não sabia nada sobre a tecnologia digital. Você virava professor por meia hora, psicólogo também, porque esses clientes chegavam estressados, pela responsabilidade perante suas emissoras. Na semana passada, durante a edição 2016 da SET Expo, praticamente não se ouviu a frase desafiante. O dialeto digital já faz parte desse mundo “torres & telas”, habitado por seres que mantêm avatares explorando minuciosamente o universo virtual.

Lá estava também aquela idosa bilionária, no crepúsculo de seus 10 anos, pedindo cuidados especiais com sua descendência aqui no Brasil. A sra. HDTV não perdeu a elegância, aquela fineza, mas já não domina mais os olhares pela feira. As atenções agora se voltam um padrão brasileiro UHD – ultra high definition. O tema foi destaque na SET Expo durante as atividades de comemoração dos 10 anos do SBTVD, que marca a digitalização da TV aberta no Brasil. O presidente da Sociedade de Engenharia de Televisão, Olímpio Franco, falou sobre a necessidade de uma mobilização nesse sentido, com a participação de entidades como Abert, Abratel, ABTA, Abine e Eletros. Elas vão fazer parte de um novo fórum, específico para o UHD. Ao que tudo indica, o Fórum UHD vai ser um lugar mais para ouvir, do que pra falar. O que você acha?

AUTONOMIA, SÓ SE FOR SUSTENTÁVEL

O UHD via terrestre, que no ano que vem vai ao ar na Coréia do Sul, veio empacotado num sistema complexo. Trata-se de um empreendimento bastante arrojado, bancado pela indústria broadcast americana e que leva o nome ATSC 3.0. A estreia de um sistema americano em outro país sugere dificuldades de regulação, além das tecnologias coreanas agregadas. De fato, no imenso e concorrido mercado americano, uma reviravolta dessas em tão pouco tempo encontraria barreiras. Mas, se num breve futuro os telespectadores coreanos fizerem inveja aos americanos, fica mais fácil falar sobre essas mudanças.

Nessa mesa o Brasil vai ter dificuldade de se acomodar – por isso deve ouvir mais do que falar. E o motivo desse silêncio tem a ver com a impossibilidade de sustentar posições. Há um abismo tecnológico que impede o Brasil de tomar determinadas decisões, mesmo sobre a TV que teremos por aqui. O ATSC 3.0, por exemplo, não é apenas um sistema UHD terrestre. Ele incorpora recursos inéditos, como a publicidade segmentada, contagem de acessos em tempo real, interatividade e conexão, tudo dentro da banda de 6 MHz. É o máximo que pode ser feito para a TV aberta. Seria o ideal para o Brasil, maior país do mundo com predominância da TV aberta. Mas, se esse sistema e similares não vingarem globalmente, quem vai manter essa tecnologia disponível no mercado? O Brasil e os países pobres em geral – onde a TV aberta tem preferência – vão justificar investimentos nessa tecnologia?

O Primeiro Mundo, que fabrica os componentes e os sistemas, que desenvolve os softwares mais complexos, pode decidir que o negócio TV vai passar a ser apenas para quem paga. A TV aberta sobraria como um serviço muito simples, subsidiado pelos governos, com uma programação pouco atraente do ponto de vista comercial. Tudo porque os espaços publicitários da Internet estão reduzindo as margens para o negócio televisão. Mais provável é que apenas um modelo de negócio para TV sobreviva, ou por assinatura, ou a TV aberta paga pelos comerciais.

EVOLUIR PARA MELHOR

A tecnologia digital está mostrando que veio para pôr fogo na fogueira da disputa entre TV aberta e TV por assinatura. No entanto, o bônus tecnológico trouxe alternativas para muitas outras áreas. É que no mundo digital a parte tangível, o device, ficou mais na categoria de ferramenta, do que propriamente um equipamento, um aparelho. Ele precisa se compor com outras ferramentas – os softwares – para, enfim, assumir esta ou aquela funcionalidade. E é aí, no software, onde a competência não tem nacionalidade. É o que faz da EiTV uma produtora de soluções globais.

A SET Expo 2016 foi mais uma confirmação desse status enquanto player global. Soluções no âmbito ISDB-T, para emissoras e equipamentos voltados para a TV digital nacional, foram tão procuradas quanto as soluções broadband, de aplicação em qualquer parte do Planeta. No primeiro caso, o EiTV Inspector despertou interesse de emissoras brasileiras, por oferecer muito mais funcionalidades no equipamento que grava e arquiva a programação para efeito legal. O EiTV Inspector analisa todos os parâmetros de qualidade do sinal, permitindo acesso remoto e configurações para situações específicas. O EiTV CC Box, muito mais simples, permite uma programação independente dos avisos obrigatórios aos telespectadores, no prazo que antecede o switch off do sinal analógico. O que eles têm em comum? O fato de terem surgido a partir do conhecimento desenvolvido para a tecnologia digital de TV.

Em nível global, a plataforma EiTV CLOUD e o app EiTV Play atendem demandas de clientes de países que não têm qualquer relação com o padrão ISDB-T. Mas foram desenvolvidos a partir da mesma base de conhecimento que a tecnologia digital de TV trouxe para o Brasil. Por isso, a participação na criação de um UHD tupiniquim é uma tarefa que já está incorporada, com destaque, na agenda da EiTV. Um investimento que se justifica não apenas pelo eventual sucesso do UHD terrestre no Brasil, mas também pelo conhecimento que certamente será agregado a várias outras soluções audiovisuais.

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