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FALA SÉRIO! MAS NEM TANTO…

Viagem no tempo existe na ficção e na Teoria da Relatividade (que é muito científica!). E se é que estamos chegando perto disso, essa tal viagem tem dois sentidos. Pelo menos é o que parece, se considerarmos alguns fenômenos recentes como prenúncios dessa ficção provável. Nos últimos anos, quando o ritmo de inovação passou dos limites, alguns lançamentos estão dando a sensação de que avançamos para o futuro. Parece que fomos para frente no tempo. O engraçado é que, no mesmo instante, alguns adultos voltam no tempo, viram crianças de novo. Se rendem de tal forma ao prazer de brincar com as tecnologias disruptivas que até perdem um pouco da noção de realidade.

É o que se vê com o avanço cronológico mais recente, muito apropriadamente notabilizado por uma brincadeira de adulto. Em Long Island, um homem usou o aplicativo Periscope, do Twitter, para fazer uma graça, mas caiu na rede da polícia. O Periscope coloca a imagem ao vivo na rede social. Ele estava dirigindo completamente bêbado, razão principal da “divertida ideia” que levou à brincadeira atrapalhada. Foi o estopim para um grupo de visionários digitais anunciar 2016 como o ano das imagens ao vivo no celular. Uma tentativa de roubar o slogan da realidade virtual, que já tinha tomado o ano em curso para a própria data de nascimento.

Os adeptos da onda “live” não param de repetir a provocação: “-Imagine o que vai ser possível com imagens ao vivo do celular!” Podemos tentar responder, já que eles ainda não conseguiram: você com o celular na mão, atende e, lá de Paris, seu amigo ao lado de Ivete Sangalo – no Exterior, nossas estrelas são mais acessíveis – pedindo pra ela mandar um beijo pra você. O beijo vem e a baiana ainda responde uma pergunta sua! Além da tietagem em tempo real, quantas travessuras mais vão inventar pra se fazer ao vivo com o celular na mão!? Muitas…, até encher o saco. Ao que tudo indica, uma data não tão distante.

EXPERIÊNCIAS DO AMBIENTE PROFISSIONAL

A experiência das emissoras de TV é reveladora. Imagens ao vivo podem ser o maior tédio. Se você já assistiu a jogos de golfe ao vivo pela TV, sabe disso. E olha que os esportes em geral são os eventos mais interessantes para assistir ao vivo em casa. Simplesmente porque, na grande maioria dos casos, esportes são situações para gerar surpresas. A bola enfiada no meio da zaga, ou a rebatida curta próxima à rede na quadra de tênis, um levantamento rápido para a batida forte no vôlei, a disputa pelos décimos de segundo nos 50 metros livre. Todas situações de verdadeiro stress, mas daquele que a gente procura, pra aguçar a vida.

Saiu disso, situações ao vivo podem render grandes fiascos. Por que não gravar a parte mais interessante e exibir na hora em que a maioria das pessoas pode ver? Se a Ivete Sangalo passar pelo lobby do hotel onde está seu amigo, justo na hora em que seu chefe estiver falando com você, o fuso horário vai continuar o mesmo e não vai acontecer nada de divertido. Uma das mais preciosas capacidades da tecnologia é “transmutar” o espaço, mas também o tempo. Afinal, neste mundo, quem é dono do próprio tempo?

QUANDO VOCÊ PODE ESCOLHER

É claro que imagens ao vivo do celular não são inúteis. Com certeza, muitas aplicações empresariais vão ser descobertas, tantas que nem convém tentar adivinhar. Tudo indica que vão passar a ser regra em alguns tipos de negócios, ou em alguns novos negócios. Em breve devem encontrar um limite. A questão é que, até esse limite surgir, muita gente alucinada pelo futurismo vai investir dinheiro que não vai voltar. Pessoas que estarão pensando como criancinhas encantadas com seus brinquedos. Quem precisa se sentir assim são os clientes desses negócios, não os donos.

A realidade virtual tende a ser mais promissora em termos de negócios. Porque ao invés da pura realidade de um outro lugar distante, como acontece no “live”, ela realiza a pura ilusão que você guarda tão próxima, no seu íntimo. Por enquanto, a impressão mais forte é de que o mundo digital rendeu mais para quem criou ilusões, do que para quem ganhou tempo e espaço. A indústria de games deve ter faturado muito mais do que os aplicativos tipo “office”. Enquanto os aplicativos empresariais encontram limites bem claros no mercado, os jogos não param de crescer e avançar em novos nichos, assim como outros aplicativos para o cinema, redes sociais e outras formas de entretenimento.

Olhando assim, parece que não importa o quanto vamos avançar na tecnologia, quantas coisas sérias vamos construir, quantas soluções vamos alcançar para os nossos problemas mais objetivos. Alguém sempre vai encontrar um jeito mais divertido de usar essas conquistas, tentando fazer da vida uma grande brincadeira.

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