QUANDO O VIRTUAL E O REAL SE POTENCIALIZAM

Brasileiro gosta da internet. Todos os países gostam, mas no mundo virtual o Brasil é maior do que no real e funciona melhor. Afinal, na Terra, temos a sétima maior população. Na internet, somos a quinta maior. O Brasil é ainda o segundo país no mundo mais ligado na grande rede, considerando o tempo conectado […]

Brasileiro gosta da internet. Todos os países gostam, mas no mundo virtual o Brasil é maior do que no real e funciona melhor. Afinal, na Terra, temos a sétima maior população. Na internet, somos a quinta maior. O Brasil é ainda o segundo país no mundo mais ligado na grande rede, considerando o tempo conectado por pessoa. A quantidade de redes sociais utilizadas é de 8,4 por usuário, na média.

Não é fácil para os brasileiros manterem esses números. Só 19 em cada 100 usuários têm conexão banda larga, o que nos coloca em 39o lugar no mundo em termos de qualidade de acesso. Não deve continuar assim por muito tempo. É justamente aí onde está sendo observada uma melhora, numa clara confirmação de que, na internet, o país progride mais.

Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br comparou o mercado de provedores de acesso entre os anos de 2020 e 2022. Os dados foram divulgados no começo deste mês, durante a 13a Semana de Infraestrutura de Internet no Brasil e mostram vigor no setor. A quantidade de empresas diminuiu, mas até essa redução pode ser considerada uma confirmação da força que o negócio vem conquistando. Em 2020 o Brasil tinha 12.826 provedores de Internet. É quase 30% a mais do que todas as sorveterias do país. Dois anos depois esse número ficou em 11.630 empresas. A atividade em si não diminuiu, mas se concentrou em empresas um pouco maiores. Enquanto o número de provedores de pequeno porque caiu 10%, o de médio porte subiu 4%. É o movimento chamado de consolidação, em que pequenas empresas se agrupam formando empresas médias, para ganhar mais eficiência. Esse agrupamento acontece por meio de fusões ou aquisições (M&A, no jargão empresarial).

A capacidade ociosa costuma ser muito grande, principalmente entre os menores provedores. Por exemplo, 70% das empresas do setor utilizavam apenas rede de transmissão própria em 2020. Em 2022 essa proporção caiu para 60%, uma vez que aumentou o número de empresas que contrata redes de terceiros para complementar o atendimento quando cresce a demanda. A fibra óptica, melhor meio físico de conexão, está disponível em 95% dos servidores. A maior parte dos investimentos nessa tecnologia veio das pequenas e médias empresas provedoras.

Outro evidente sinal de melhora nos serviços foi o crescimento da participação de provedores nos chamados PTT – Pontos de Troca de Tráfego. São pontos que garantem melhor desempenho da conexão e têm um custo menor. O Brasil passou a ter o maior conjunto de PTTs do mundo, com 36 desses nós de conexão distribuídos pelas 5 regiões do país. No Nordeste e no Centro Oeste do país aumentou em 14% a quantidade de provedores conectados em PTTs.

Mais qualidade também por conta do protocolo da conexão. O mais avançado é o IPv6, necessário para a utilização de algumas das novas TICs. Nesses dois anos estudados o uso do novo protocolo cresceu 24%, tornando-o acessível em 64% do mercado brasileiro. No quesito de segurança – uma das questões mais sensíveis do mercado de TICs – 40% dos provedores contam com pessoal e assessorias atuando permanentemente na proteção dos clientes. Nas empresas em geral, as que contam com estrutura de segurança são apenas 23%. No que diz respeito à LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, 30% dos provedores nomearam encarregado de proteção de dados pessoais para garantir a privacidade dos clientes. Para efeito de comparação, somente 17% das empresas em geral adotaram esse tipo de providência.

Excetuando as 4 grandes operadoras, que adotaram uma postura reativa em relação ao mercado, a qualidade das conexões é o que tem garantido a sobrevivência dos provedores em geral, denominados “competitivos”. O outro apoio desse negócio está nos preços, uma vez que os valores cobrados pelas 4 grandes permite uma margem atraente para os lucros dessa numerosa concorrência. Por conta disso já surgiram alguns grandes provedores dentre aqueles que começaram pequenos neste mercado. E, entre as 4 grandes, já se fala na possibilidade de adquirir algumas dessas grandes empresas nascidas no contexto de “provedores competitivos”.

Um “Brasil virtual” se desenvolvendo rapidamente certamente vai representar uma grande contribuição para o Brasil real também avançar mais. Em outros setores da tecnologia, onde o governo tem atuado mais como facilitador do que como gestor – na engenharia de televisão, por exemplo – o ritmo de crescimento tem sido mais significativo e até harmonioso. Fica a dica para as lideranças políticas…

Bitnami